sexta-feira, 24 de junho de 2016

Portugal/PORTUGUESES NOS BILDERBERGER



17 junho 2016, Portugueses nos Bilderberger (Portugal)

José Paulo Gascão

Os Bilderberger são um das mais importantes estruturas onde «os senhores do mundo transmitem as suas decisões, a políticos e fazedores de opinião, que assim aceitam mais facilmente as decisões alheias como se fossem conclusões do travestido debate em que, inchados de orgulho, participaram».

Como epílogo deste curto texto, o autor publica a lista completa dos portugueses que participaram nas reuniões anuais dos Bilderberg. Para conste e fique registado.

Diz a lenda oficial (este tipo de estruturas nunca têm história) que o Grupo Bilderberger foi criado pelo príncipe Bernardo da Holanda, por sugestão de um polaco, Józef Retinger, fugido do seu país após a II Guerra Mundial. O nome do grupo vem do Hotel Bilderberger, onde reuniu pela primeira vez de 29 a 31 de maio de 1954, com cinquenta participantes de 11 países da Europa Ocidental e 11 norte-americanos.

Os princípios justificadores da criação do grupo correspondiam plenamente aos fins da NATO, criada pouco antes por Tratado de 4 de Abril de 1949: defender
o atlantismo, pelo que se propunha implementar «a cooperação entre as culturas norte-americana e europeia em matéria de política, economia e questões de defesa».

O príncipe Bernardo, alemão nascido em Jena em 29 de Junho de 1911, ingressou no Partido Nazi em 1 de maio de 1933, tendo-lhe sido atribuído o número 2583009, só tendo abandonado aquele partido para se casar com a rainha Juliana da Holanda, o que parece ter desagradado à família real e desagradou ao povo holandês. O diário holandês Die Volk, então, escreveu mesmo em editorial: «Teria sido melhor que a futura Rainha tivesse encontrado um consorte num qualquer país democrático em vez de o ir buscar ao Terceiro Reich». Mal sabia então o Die Volk que a carta em que Bernardo se demitiu do Partido Nazi termina com um certamente vibrante, Heil Hitler! (ver 21st Century Science & Technology, edición Verano 2001, Vol. 14, No. 2, pág.. 6 e http://www.mitosyfraudes.org/articulos/Bernardo.html)

Não foi no entanto por ser nazi que Bernardo da Holanda foi obrigado a demitir-se dos Bilderberger, mas tão só por se ter envolvido num escândalo de corrupção: recebeu 1,1 milhões de dólares da Lockheed Corporation pelo seu papel na compra de aviões caça daquela empresa pela Força Aérea Holandesa.

***

Grupos como os Bilderberger são hoje uma necessidade imperialista para aumentar a aceitação e o domínio do capital imperialista norte-americano sobre a totalidade do capital imperialista que se acoberta à sua sombra.

É através de estruturas como os Bilderberger que os senhores do mundo transmitem as suas decisões, a políticos e fazedores de opinião, que assim aceitam mais facilmente as decisões alheias como se fossem conclusões do travestido debate em que, inchados de orgulho, participaram.

Com presidentes de vários países da Europa e também dos Estados Unidos (Ford, Carter, Clinton), além de primeiros-ministros entre os seus membros, os Bilderberger são dirigidos por um quadrunvirato, onde participou, enquanto pôde, David Rockfeller (1915- ).

Quem é David Rockfeller?
David Rockfeller «controlava o comité de doações da Chase Manhattan Bank Foundation (), era membro do Conselho de Relações Exteriores dos EUA () e amigo pessoal de Allen Dulles», o primeiro civil a dirigir a CIA e o diretor que mais tempo esteve no cargo; titular de uma tenebrosa folha corrida, David queria ele próprio, ver como andavam as coisas.
Reunia com agentes no terreno e particularmente com Tom Braden: «Pensava tal como nós, e apoiava com força tudo o que fazíamos. Era da mesma opinião que eu de que a única maneira de ganhar a guerra-fria era a nossa. Por vezes dava-me dinheiro para coisas que não figuravam no nosso orçamento. Entregou-me muitíssimo dinheiro para coisas em França.»
David Rockfeller, se não o primeiro foi seguramente um dos pioneiros da privatização (mesmo que só parcialmente) da política externa dos Estados Unidos.

Portugueses nos Bilderberger
Não se pode falar dos portugueses nos Bilderberger sem referir o nome de Francisco Pinto Balsemão. Nos Bilderberger de 1983 a 2015, terá faltado a uma única reunião. Com 77 anos, 32 reuniões depois de ter iniciado funções Francisco Balsemão abandona o lugar de membro do «Comité Diretor» do grupo Bilderberg, e escolheu Durão Barroso, de 59 anos, para seu sucessor.

Francisco Pinto Balsemão foi membro do «Comité Diretor» desde 1983 a 2015 (neste entremês terá faltado a uma reunião); José Manuel Durão Barroso foi escolhido na reunião de 2015 como membro permanente do grupo.

Apesar da sua história negra, ou talvez por isso mesmo, as reuniões dos Bilderberger são rodeadas de grande secretismo, podendo os participantes referir o que lá se passou (não o fazem), mas estão impedidos de divulgar quem o disse.

Seja ainda dito que a razão de em 1999 haver 9 portugueses a participar (a norma é dois ou três convidados), entre eles o então Presidente da República, Jorge Sampaio, deve-se à circunstância de a reunião ser ter realizado no luxuoso Hotel Penha Longa, na Serra Sintra. O presidente não teve que se deslocar ao estrangeiro para participar na reunião do grupo, o que obrigava a pedir autorização à Assembleia da República, com indicação do motivo da deslocação

Divulgamos agora, para que conste e fique registado, a lista completa dos participantes portugueses, por anos.

BILDERBERGER: RELAÇÃO, POR ANOS, DOS PORTUGUESES QUE PARTICIPARAM
1983:
Bernardino Gomes
Rogério Martins
José Luiz Gomes
1984:
André Gonçalves Pereira
Rui Vilar
1985:
Torres Couto
Ernâni Lopes
1986:
Leonardo Mathias
Artur S. Silva
1987:
José Eduardo Moniz
Faria de Oliveira
1988:
Vítor Constâncio
Lucas Pires
1989:
Rui Machete
Jorge Sampaio
1990:
João de Deus Pinheiro
António Guterres
1991:
Carlos Monjardino
Carlos Pimenta
1992:
António Barreto
Roberto Carneiro
1993:
Nuno Brederode Santos
Faria de Oliveira
1994:
Durão Barroso
Miguel Veiga
1995:
Mira Amaral
Maria Carrilho
1996:
Margarida Marante
António Vitorino
1997:
António Borges
José Galvão Teles
1998:
Vasco Pereira Coutinho
Marcelo Rebelo de Sousa

Miguel Horta e Costa
1999:
Ferreira do Amaral
João Cravinho
Marçal Grilo
Vasco de Mello
Murteira Nabo
Ricardo Salgado
Jorge Sampaio
Artur S. Silva
Nicolau Santos
2000:
Teresa Patrício Gouveia
2001:
Guilherme d’Oliveira Martins
Vasco Graça Moura
2002:
António Borges
Elisa Ferreira
2003:
Durão Barroso
Ferro Rodrigues
2004:
Pedro Santana Lopes
José Sócrates
2005:
Nuno Morais Sarmento
António Guterres
Durão Barroso
2006:
Aguiar Branco
Augusto Santos Silva
2007:
Leonor Beleza
Durão Barroso (não confirmado)
2008:
Rui Rio
António Costa
2009:
Manuela Ferreira Leite
Manuel Pinho
2010:
Paulo Rangel
Teixeira dos Santos
2011:
António Nogueira Leite
Clara Ferreira Alves
2012:
Luís Amado
Jorge Moreira da Silva
2013:
Paulo Portas
António José Seguro
2014:
Paulo Macedo
Inês de Medeiros
2015:
António Vitorino
Durão Barroso
2016:
Maria Luís Albuquerque
Carlos Gomes da Silva (GALP)

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