quarta-feira, 21 de outubro de 2015

ANGOLA NA GESTÃO DE CRISES

21 outubro 2015, Jornal de Angola jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

A instabilidade e a insegurança ainda espreitam em muitas regiões de África, razão pela qual urge a conjugação de esforços por parte de todos os Estados inseridos nas várias organizações sub-regionais e continental para uma melhor gestão e solução de conflitos.

Desde há algum tempo, é notável em África uma espécie de passagem dos conflitos inter-estaduais a conflitos intra-estaduais, que tendem a ameaçar não apenas Estados isolados  mas regiões inteiras. 

Não apenas em África, mas em todo o mundo os países devem, cada vez mais, mobilizar-se para enfrentar as novas ameaças e novas formas de conflitos que ameaçam a soberania, integridade e viabilidade de muitos Estados. Atendendo a que se trata de desafios transversais cuja solução passa pelo envolvimento de numerosos actores, o apoio às organizações regionais e internacionais como
a ONU deve ser uma prioridade. 

Enquanto membro da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), da qual Angola detém a presidência rotativa, o nosso país defende um maior envolvimento de todos os Estados no seio das organizações em que se inserem. Ao longo de vários anos a  experiência angolana tem sido bem aproveitada lá fora, sobretudo quando se trata da participação na formação das forças armadas e de agentes da polícia.
 
Na reunião do comité dos Chefes de Estado-Maior General da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, que decorreu ontem, em Luanda, o general de Exército Geraldo Sachipengo Nunda  reafirmou o  compromisso de Angola junto das organizações de que é membro.
 
Referindo-se ao papel do país junto das Organizações Internacionais, o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas disse que “a  participação como membro destas organizações, o  empenho na  solução das disputas por via pacífica, mas também a preparação de forças para o emprego em operações de paz, dentro dos compromissos que foram assumidos a nível continental, são exemplos suficientes do empenho de Angola”. A reunião de militares constitui  grande oportunidade para avaliarem medidas empreendidas para desarmar as chamadas “forças negativas” e combater fenómenos como tráfico de seres humanos, drogas, terrorismo e a pirataria, entre outros. Enquanto guardiãs da soberania nacional, as Forças Armadas dos Estados membros da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos prestam particular atenção aos focos de conflitos armados e aos seus efeitos trágicos junto das populações.

Desde o alcance da paz e da consolidação da estabilidade, Angola desempenha por mérito próprio um papel pacificador na região, em África e no mundo. O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, disse: “Angola é hoje um dos países africanos mais respeitados no plano internacional e um parceiro preferencial para se promover a paz, a estabilidade e o desenvolvimento na região em que se insere.”

Angola foi eleita  Membro Não-Permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas para o período 2015-2016 e tem sido activa na promoção de uma agenda que faça avançar a busca da paz e estabilidade no continente. Não há dúvida de que as maiores responsabilidades de Angola passam pelo seu papel enquanto presidente do Comité Consultivo Permanente da ONU para a Segurança na África Central, facto que leva Angola a apoiar os esforços que visam fortalecer a capacidade das Nações Unidas na gestão de crises. Enquanto presidente em exercício da CIRGL Angola empenha-se para que esta importante organização sub-regional trabalhe para a estabilidade da região com a participação de todos e para todos.

Os Estados-membros da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos encaram com muita seriedade as  ameaças que têm comprometido as economias e o bem-estar dos povos, bem como as crises que assolam os vários países. Como se sabe, a situação humanitária e de segurança  vigente na República Centro Africana, no Burundi, Congo Democrático e Sudão do Sul ainda inspiram cuidados, atenção e envolvimento de todos. Uma das soluções recomendadas e duradouras, para combater  o clima de instabilidade política e militar nos países citados, passa pelo diálogo inclusivo entre os principais actores. E vale a pena citar as palavras do chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas do Burundi, Prime Niyongabo: “Os problemas internos entre irmãos de um mesmo país resolvem-se internamente”. 

Tendo o diálogo e a concertação como as principais marcas da sua diplomacia, Angola vai continuar a incentivar a solução interna como trunfo fundamental na busca de soluções para a gestão e  solução de crises na sub-região e em África. A segurança colectiva dos Estados deve ser um objectivo comum e não  atribuição de alguns Estados. Prime Niyongabo acrescentou que a comunidade internacional se tem  preocupado com as ameaças que  comprometem as economias e o bem-estar dos povos, bem como as crises que assolam os vários países, tal como ocorre, num ambiente mais restrito, na Região dos Grandes Lagos, importante para o continente pelas suas potencialidades.

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