terça-feira, 22 de setembro de 2015

Angola/DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA JÁ DÁ FRUTOS

20 setembro 2015, Jornal de Angolahttp://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Filomeno Manaças

A agricultura é a base e a indústria o factor decisivo.

Assim dizia Agostinho Neto, que já predizia a necessidade de Angola diversificar a sua economia para romper o ciclo da dependência de um só produto de exportação.

A monoprodução, como lhe chamam os economistas, era o calcanhar de Aquiles de muitos dos países do Terceiro Mundo. Essa situação tinha consequências nefastas para países que dependiam fortemente de um só produto de exportação. Na sua relação com a metrópole colonial pouco mais podiam fazer senão submeter-se às regras ditadas pelo poder estabelecido e aceitar, resignados, as condições impostas para a comercialização dos seus produtos.

Isso condicionava, obviamente, as opções políticas. Economicamente dominados, os países do Terceiro Mundo viam-se manietados na sua soberania e nas aspirações a um maior peso na determinação do paradigma da ordem internacional que, décadas atrás, estava impregnada de factores contrários ao surgimento e afirmação no contexto das nações de países independentes como Angola, Moçambique e Zimbabwe.

A África Austral foi um palco dessas grandes lutas pela emancipação política e económica. Cedo se aprendeu que não há emancipação política sólida se não se apostar fortemente no desenvolvimento da economia. Político visionário, Agostinho Neto tratou de concitar os angolanos para
a grande tarefa da reconstrução nacional, na senda da diversificação da economia, que entretanto sucessivas adversidades criadas pela guerra foram adiando que ela se concretizasse com o vigor com que se almejava.

Na semana em que se celebra o Dia do Herói Nacional, as notícias trazidas a público sobre os resultados do projecto Biocom (Companhia de Bioenergia de Angola), não deixam dúvidas quanto ao empenho do Executivo em diversificar a economia e a certeza de que, mais cedo do que o previsto, veremos os frutos dessa política em vários sectores de actividade.

Angola caminha para a plena garantia de auto-suficiência alimentar e o sector agro-pecuário é dos que contribuem de forma substancial para que possamos, a médio prazo, substituir grande parte das importações que o país ainda faz.

As perspectivas são francamente animadoras e, apesar da crise do preço do petróleo no mercado internacional, é um dado certo que Angola caminha firme para que outros produtos ganhem peso na pauta de exportações. O ritmo dos investimentos feitos fora do sector petrolífero tem vindo a alargar e a consolidar a base de sustentação da economia angolana, a qual, não obstante a actual conjuntura, ainda assim infunde confiança e optimismo no que diz respeito à manutenção e elevação do índice de crescimento. O projecto Biocom, um investimento público-privado de 750 milhões de dólares e que tem como meta produzir mais de dois milhões de toneladas de cana, o fabrico de 256 mil toneladas de açucar cristal branco, 28 mil metros cúbicos de etanol e 235 mil megawatts de energia, é apenas uma mostra de uma série de outros empreendimentos que vão mudar radicalmente a paisagem económica de Angola, conferindo-lhe a robustez que vai permitir impulsionar áreas de negócios e com isso fazer florescer a criação de novos empregos.

Os investimentos nos sectores da geologia e minas, turismo e hotelaria, pescas, entre outros, vão seguramente complementar um quadro de crescimento em que as indústrias transformadoras serão chamadas a desempenhar um papel crucial. Com efeito, é a transformação das matérias-primas o grande desafio de muitas economias emergentes, estando no cerne da questão a implantação e expansão das indústrias, de modo que haja uma cadeia completa no tratamento dos produtos, o que confere valor acrescentado aos mesmos, vantagens no plano comercial e em termos de receitas de exportação.

Desde a conquista da paz, em 2002, Angola não pára de dar passos largos rumo ao desenvolvimento e progresso social, contrariando as visões mais pessimistas sobre a sua capacidade de fazer face aos desafios que se colocam no caminho da sua estabilidade macroeconómica, política e social.

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