sábado, 6 de junho de 2015

O COMBATE À FOME

5 junho 2015, Jornal de Angola Editorial http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Em África não há apenas más notícias relativas a conflitos armados, terrorismo  ou a crises políticas . Há também boas. E a boa neste caso é que , de acordo com um recente relatório do Fundo d ONU para  Agricultura e Alimentação(FAO), a África Ocidental fez “progressos notáveis”  no combate à fome.

O documento salienta que 11 milhões  de pessoas da África Ocidental que  desde 1990  passavam fome estão livres  dela. Angola e  São Tomé e Príncipe  tinham sido recentemente mencionadas pela FAO  como tendo baixado para metade a percentagem da população subnutrida e o número absoluto de pessoas  que passavam qualitativa. Os dois países  estão incluídos no grupo de Estados africanos que atingiu  as metas estabelecidas pelos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) e pela Cimeira Mundial da Alimentação.

Os progressos  no combate à fome na África Subsaariana devem-se à prossecução de
  boas políticas públicas centradas  em transformações estruturais da economia que  ocorrem de forma acelerada em algumas regiões do continente.

A redução  do número de pessoas com fome no continente é sinal de que  os dirigentes de vários países  estão seriamente empenhados  em erradicar um mal que afecta muitos milhões de pessoas e  a mostrar que é possível  acabar  com  situações de carência alimentar.  A erradicação da fome  em África permite  que um  elevado número de pessoas possa  participar  no processo de desenvolvimento dos seus países. Sem fome entre as comunidades, ela constituem-se em segmentos  com um nível significativo de participação na vida  politica económica e social.
 
A opção pela intervenção do Estado na economia para   acabar com a subnutrição  conduz a resultados positivos em termos de resolução de um problema básico, mas que  tem um grande alcance económico e social.
 
É evidente,  perante  os milhões de pessoas que se livraram da fome, que os governantes africanos  estão cada vez mais comprometidos com a promoção do bem-estar dos povos do continente. Por isso, é  louvável o facto de cada vez mais Estados africanos  canalizarem  recursos financeiros para  dar uma melhor qualidade de vida  às pessoas.

Também é positivo que  os pessoas  em África estejam no centro das preocupações  dos Governos, que  não devem  parar de  gizar políticas de Estado  destinadas a acabar com o subdesenvolvimento  num continente com imensos recursos naturais, que devem servir  os seus habitantes.

Tem sido realçado em várias conferências internacionais que “África é terra de muitas oportunidades”, mas não basta dizer isso. Nós, os africanos, temos de agir no sentido de transformarmos  os nossos recursos em benefício  das nossas populações.
  
A redução do número de pessoas subnutridas em vários  países africanos  deve servir de incentivo  a outros Estados  que ainda se debatem com problemas graves de  carência alimentar entre as suas populações para que  enveredem por políticas que  assegurem  condições  básicas de vida.

Os Estados têm grandes responsabilidades  na  promoção  do desenvolvimento  social das populações. Acabar  com a fome é proteger recursos humanos  necessários  à  grande empreitada que é a construção do progresso  dos países africanos.

Que os países africanos troquem entre si experiências no que diz respeito ao combate à fome para que todos  possam tirar proveito de  projectos exequíveis  que já deram resultados  positivos em algumas regiões do continente.  O combate à fome deve ser uma prioridade dos Estados em África, pois  pessoas com fome não estão em condições de contribuir para o desenvolvimento do continente.

São animadores os dados  que nos são fornecidos pela FAO relativos ao combate à fome na África Ocidental.  Dados daquela organização das Nações Unidas revelam que a África Ocidental  baixou a prevalência de desnutrição  de 24,2 por cento para  9,6 por cento.

O representante  da ONU  para a Agricultura e Alimentação junto da Comunidade de Países de Língua Portuguesa declarou que o bom desempenho no combate à fome ocorreu “mesmo com o rápido crescimento populacional e com as secas recorrentes  nos países do Sahel.”

Temos razões, depois dos progressos no combate à fome, para acreditarmos cada vez mais na capacidade dos africanos avançarem noutros domínios da vida económica e social. Temos de ser sempre optimistas e confiar nas nossas capacidades para resolvermos os problemas por mais complexos que eles sejam.

Que em África  continuem a aumentar  as boas notícias no que respeita  à nossa prosperidade.  Que  os africanos  estejam determinados  a superar os obstáculos e não haja desânimo perante as dificuldades. A luta pelo desenvolvimento  é árdua , mas temos necessariamente de fazê-la. 

  

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