domingo, 25 de janeiro de 2015

DO EQUADOR, ÁSIA-PACÍFICO DIALOGA E FAZ UMA APOSTA AO FUTURO

 21 janeiro 2015, Pátria Latina http://www.patrialatina.com.br (Brasil)

Luisa María González*

Quito (Prensa Latina) -- Destinada historicamente a desempenhar um papel periférico no cenário internacional, a região Ásia-Pacífico se ergue como uma das mais prometedoras, em face ao desenvolvimento futuro do planeta. 

Nisso coincidiram representantes de 17 países dessa região que se reuniram no Equador no 23 Fórum Parlamentar Ásia-Pacífico (APPF, por suas siglas em inglês), para trocar pontos de vista e buscar um consenso com o fim de dinamizar o avanço destas populações.

O chanceler do país anfitrião, Ricardo Patiño, disse em uma conferência magistral que "o Pacífico, entendido e construído como essa região de encontro e de fortalecimento comum, será a zona econômica mais importante do mundo, em termos econômicos e comerciais, na próxima década".

Acrescentou que os países limítrofes com o Grande Oceano têm aproximadamente metade da população e 57% do comércio mundiais, números que
apontam para um crescimento nos anos e décadas vindouras.

Depois de quatro dias de sessões na sede da Assembleia Nacional do Equador, os participantes expressaram seu acordo em torno de questões como fortalecer o multilateralismo frente as pretensões hegemônicas de algumas potências do planeta.
Também defenderam buscar a preservação da paz como pré-condição para impulsionar e consolidar o desenvolvimento da região, bem como fortalecer a cooperação para promover o surgimento de uma nova ordem mundial.

A presidenta do Parlamento equatoriano e da 23 edição do APPF, Gabriela Rivadeneira, fez um chamado para fortalecer o diálogo entre os entes legislativos da região e para construir uma nova ordem no planeta para se chegar a maiores níveis de equidade.

Por sua vez, a presidenta do Senado russo, Valentina Matvienko, disse que a cooperação bilateral e multilateral é a via para enfrentar as atuais ameaças à paz e à segurança mundiais.

A líder apontou que as relações internacionais atravessam momentos complexos devido às agressões aos princípios democráticos consagrados na Carta das Nações Unidas.

Daí a necessidade de se consolidar um mundo novo, polissêmico e mais sustentável, acrescentou, onde as relações se erijan sobre o respeito mútuo, o equilíbrio de interesses, sem hegemonia ou exclusividade.

Mudar a ONU e o Conselho de Segurança
Uma questão abordada com recorrência foi a necessidade de se promover uma transformação nos órgãos das Nações Unidas e particularmente em seu Conselho de Segurança, com o propósito de garantir uma maior representatividade de todos os países do planeta.

Sobre o tema, Rivadeneira afirmou que "o Equador apoia a necessidade da realização de uma reforma integral nos órgãos das Nações Unidas que aponte para a democratização do Conselho de Segurança".

Enquanto isso, o chanceler Patiño considerou que o Conselho de Segurança, atualmente integrado por cinco membros permanentes com direito a veto (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China), continua funcionando de forma fechada, imperfeita e viciada.

Ambos os porta-vozes se pronunciaram a favor de que a entidade esteja conformada por blocos que garantam uma verdadeira representatividade das diferentes regiões, o que seria conseguido com a presença da União Europeia, da União Africana, da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), Ásia, e América do Norte.

Tráfico humano e mudança climática
A preocupação pelos efeitos da mudança climática esteve entre os encontros do Fórum, bem como a busca de uma coordenação regional para enfrentar este fenômeno.

Sobre o assunto, o assembleista Carlos Viteri disse que "os prejuízos produzidos pelo aquecimento global são sofridos pelos cidadãos e principalmente pelos setores mais vulneráveis, como as comunidades ancestrais; por isso, a partir de este espaço pedimos que os parlamentos adotem medidas contundentes para frear esse processo".

Em declarações à Prensa Latina, o deputado pôs o exemplo da Micronésia, uma região insular da Oceania onde o aumento do nível do mar está reduzindo parte do território, o que faz com que os esforços contra a mudança climática sejam "uma luta pela vida".
Por outro lado, o parlamentar e chefe da delegação do Canadá, Michael Wallace, apontou que seu país considera o assunto do tráfico humano prioritário.

Manifestou que "infelizmente muito do tráfico humano provem da região Ásia Pacífico", daí a importância de que o problema seja abordado no Fórum parlamentar para lutar contra esse mal a partir da mesma formulação das normas.

Segundo disse à Prensa Latina, o Canadá incentiva que os diferentes países reconheçam a necessidade de se lutar contra o tráfico de pessoas como o início de um processo para prevenir o fenômeno, e que é vital julgar aqueles que estão envolvidos nesse negócio e obtêm dele benefícios econômicos.

Ao finalizar o evento, foram aprovadas 18 resoluções que reúnem estas e outras preocupações dos parlamentares, cujo cumprimento será verificado na próxima edição do APPF, prevista para o próximo ano na cidade canadense de Vancouver.

* Correspondente da Prensa Latina no Equador.

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