terça-feira, 7 de outubro de 2014

Moçambique/Paz é resultado da vontade de todos -- afirma Presidente da República

6 de Outubro de 2014, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)

O presidente da República, Armando Guebuza, disse sábado que a paz que os moçambicanos desfrutam é resultado da vontade aglutinada de todos que hoje e dia após dia continuam empenhados na construção de um país cada vez melhor, mais próspero e mais atractivo para o investimento público e privado, nacional e estrangeiro.

Falando na Praça da Paz, em Maputo, nas cerimónias centrais de celebração dos 22 anos da assinatura dos Acordos Gerais de Paz (AGP), o Chefe do Estado afirmou que a paz conquistada a 4 de Outubro de 1992 não foi obra do acaso mas sim resultado da vontade aglutinada de todos os moçambicanos unidos do Rovuma ao Maputo, do Índico ao Zumbo e no estrangeiro, filhos lídimos da pátria dos que ousaram lutar para trazer a liberdade e a independência.

Segundo Armando Guebuza, interpretando fielmente esta vontade colectiva, a estabilidade política do país ao longo dos dez anos
do seu mandato à frente dos destinos da nação sempre foi eleita como um dos factores primordiais para a viabilização do processo de consolidação da consciência cívica, de maturação democrática e de melhoria constante da qualidade de vida dos moçambicanos.

Para o Chefe do Estado, o princípio segundo o qual a única alternativa à paz é a própria paz informou a declaração feita a 4 de Outubro do ano passado na Praça da Paz, segundo a qual a guerra em Moçambique deve ser assunto para filmes, ficção científica e vídeo-games, onde tudo o que se vê e se relata é mesmo verosímil, uma mera simulação.

Referiu que numa entrevista a 19 de Agosto do presente ano em Nampula sublinhou que uma aeronave pode experimentar turbulência ao longo da sua rota mas isso não significa o anúncio da sua queda.

“Também neste prisma encarámos os desafios que nos foram impostos pelas hostilidades militares em certas regiões do nosso Moçambique. Por isso escolhemos e persistimos na via do diálogo com a Renamo para a superação desses desafios. Fizemo-lo com essa persistência e firmeza, mesmo perante pressões para tomarmos outro tipo de atitude que a Constituição da República e o Estado de Direito Democrático dariam total cobertura legal e o clamor e impaciência do nosso maravilhoso povo pela paz justificariam”, disse.

Reafirmou a satisfação pelo facto de que o bom senso tenha substituído a atitude de obstrução e de aposta na força das armas para abrir uma nova página no processo de consolidação da paz e da reconciliação nacional, cujo resultado foi a assinatura do acordo de cessação das hostilidades no dia 5 de Setembro, e a sua subsequente integração no quadro jurídico nacional, através da sua aprovação pela Assembleia da República e promulgação pelo Presidente da República.

Indicou que a grande responsabilidade de momento é assegurar a implementação do acordo, no seu espírito e letra, sem subterfúgios nem delongas. Disse que o Governo tem estado a fazer a sua parte nesse sentido, incutindo o valor da paz e da reconciliação nacional no seio dos moçambicanos, liderando e mobilizando mais vontades e actores para a reflexão sobre o estabelecimento, estruturação, funcionamento e financiamento de um fundo da paz e reconciliação nacional e continuando com o diálogo com a Renamo e facilitando o trabalho dos observadores militares internacionais.

“Ainda informados pelo nosso compromisso com a paz e a reconciliação nacional, temos estado a consolidar a unidade nacional, a aprimorar o Estado de Direito Democrático bem assim a cristalizar a democracia multipartidária e as instituições e práticas democráticas na nossa pátria amada. É igualmente porque informados pelo compromisso com a paz e a reconciliação nacional que proclamamos o imperativo de fomentar o amor à pátria bem como o respeito pela vida humana, pelos símbolos nacionais e pelas instituições”, afirmou o Chefe do Estado, acrescentando que estes são alguns dos factores de união e de identidade entre os moçambicanos, independentemente da sua filiação partidária, raça, crença religiosa ou origem étnica.

Reforçar o orgulho nacional
O Presidente da República apelou para que os moçambicanos continuem sempre a reforçar o seu orgulho de ser um povo, sendo também seu dever transmitir este sentimento, de forma gráfica e inteligível, às actuais e às vindouras gerações. Trata-se duma missão para a qual todos os filhos desta nação são chamados a dar a sua contribuição.

Segundo Armando Guebuza, tudo isto e a propensão ao diálogo, à convivência e à aceitação do outro, encarando-o como “um outro eu”, deve continuar a adensar-se na matriz do património cultural dos moçambicanos e a revelar-se como parte do seu material genético.

“Não se trata de um conjunto de boas intenções mas, isso sim, de um conjunto de valores sublimes que fazem parte de nós homens e mulheres de valor, honra e glória porque integrados na nossa prática quotidiana e definidores da nossa personalidade como um povo, como uma nação”, afiançou.

O Presidente da República defendeu que a paz e a reconciliação nacional propiciam o desenvolvimento nacional e este, numa relação simbiótica, promove a sua consolidação. É neste quadro que a atenção do Governo tem estado centrada num conjunto de políticas que favorecem a estabilidade macroeconómica e o reforço das bases para um desenvolvimento económico impetuoso, robusto, sustentado e sustentável.

Graças à paz o Governo tem sido capaz de apostar no desenvolvimento de infra-estruturas sociais que se traduzem numa maior e crescente facilidade de acesso e de aproximação junto do povo, dos bens e serviços de sectores como a saúde, educação, abastecimento de água e saneamento. Tem, igualmente, estado a investir em infra-estruturas económicas e a espevitar o espírito empreendedor dos compatriotas bem como a atrair investimento privado, nacional e estrangeiro para diferentes sectores da economia.

O Chefe do Estado afirmou que a paz e a reconciliação nacional visam, sobretudo, a valorização integral do moçambicano e das suas capacidades de participar na construção do seu belo país.

Dirigindo-se às confissões religiosas, Armando Guebuza endereçou agradecimentos pela parceria que vem sendo aprimorada e consolidada ao longo dos dez anos do seu mandato na consolidação da paz, nas intervenções de âmbito social e nas acções de carácter humanitário. Reiterou que o Governo quer continuar a contar com a participação destas na superação dos desafios que o acordo de cessação das hostilidades impõe aos moçambicanos.

O primeiro desses desafios, indicou, prende-se com a sua implementação efectiva. Trata-se de um desafio que tem subjacente o processo de desmilitarização, desmobilização e reintegração das forças residuais da Renamo, por um lado, na vida civil, nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique e na Polícia da República de Moçambique, para que este partido político se conforme com os ditames da Constituição.

As confissões religiosas terão um papel fundamental para desarmar mentes e ressocializá-las para uma vida em sociedade e gerida no contexto de um Estado de Direito Democrático.
O segundo desafio tem a ver com a participação das confissões religiosas, lado a lado com outros parceiros nacionais, bilaterais e multilaterais internacionais, na reflexão liderada pelo Executivo, que tem em vista o estabelecimento de um Fundo da Paz e Reconciliação Nacional.

O Presidente da República apelou, na circunstância, às confissões religiosas para que continuem a orar por eleições marcadas por civismo, festa e convívio entre os moçambicanos, defendendo que nada pode justificar o vilipêndio, a chacota, a violência ou a destruição de bens.

“Que todas as confissões religiosas continuem a orar por eleições livres, justas e transparentes”, disse.

Entretanto, as confissões religiosas presentes na cerimónia apelaram, quer em mensagens, quer em orações, para que a paz prevaleça no país e que as feridas provocadas pela tensão político-militar sejam saradas para sempre com base numa verdadeira reconciliação. Felicitaram o Governo e a Renamo pela assinatura do acordo de cessação das hostilidades e suplicaram a Deus para que ilumine os moçambicanos a fim de que possam escolher nas eleições de 15 de Outubro um dirigente imparcial e inteligente.

Também participaram na celebração dos 22 anos do Acordo Geral de Paz representantes dos partidos políticos, com destaque para a Frelimo e a Renamo, membros do Governo, deputados da Assembleia da República e populares.

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