segunda-feira, 2 de junho de 2014

BRICS: A BUSCA POR UM NOVO PARADIGMA FINANCEIRO INTERNACIONAL

1 junho 2014, Carta Maior http://www.cartamaior.com.br (Brasil)

 

Mario E. Burkun*


Buenos Aires -- A necessidade de poder afrontar, conjuntamente, as oscilações das fugas de liquidez em dólares e em euros durante o processo de globalização que estamos vivendo obriga economistas e políticos a quererem decidir as políticas de desenvolvimento por nós.

A submissão que implica a dupla condicionalidade do FMI e do Banco Mundial para destravar endividamentos de países e de empresas com o setor bancário privado e público internacional é o primeiro problema do debate. 

O segundo grande assunto é como conseguir desviar empréstimos e investimentos que não sejam de especulação puramente financeira e de curto prazo e direcioná-los ao investimento de liquidez na produção de bens duráveis e de capital. 

Logo, qual papel a soberania e a governabilidade política devem exercer diante da intromissão nos Estados impostas pelos planos de ajuste e as informações assimétricas e as más práticas desses
organismos e das agências que avaliam e qualificam o risco soberano?

Em definitivo, como limitar os impactos econômicos de curto prazo na crise sistêmica do capitalismo na globalização, e suas sequelas de deslegitimação política e de desmerecimento de graus de liberdade alcançadas com o papel multilateral e os graus de liberdade que as potências emergentes alcançaram com seu ímpeto de controlar o novo neocolonialismo. 
A próxima reunião dos BRICS terá dois eixos econômicos transcendentes:

A) criar um banco representativo do grupo, somando os aportes de parte dos fundos de estabilização dos países-membros, aportes que somam aproximadamente 100 quatrilhões de dólares, em função do tamanho de cada país. 

-- O Banco será de intervenção rápida no caso de ataque especulativo contra uma moeda do grupo. Exemplo: A situação atual de fuga de divisas contra o rublo.

-- Permitirá saldar desequilíbrios de balança comercial entre os países e facilitar transações com moedas próprias substituindo dólares e euros.

-- Deve orientar investimentos produtivos de retorno lento. Assim como facilitar créditos ao consumo e produção a taxas de interesse de acordo com as prioridades de desenvolvimento.

--Buscará impedir a "guerra" de tipos de câmbio e de fuga de capitais líquidos, colocando pautas de controle fiscal e financeiro.

O outro grande item é a criação de uma agência qualificadora e avaliadora de risco soberano e da factibilidade dos investimentos nos BRICS e em terceiros países para evitar a perversidade que as más práticas e assimetrias representam no uso das informações das três atuais qualificadoras do mundo financeiro. 

Finalmente se discutirá o tema da governabilidade política e da ampliação dos participantes tratando de incorporar a Argentina, depois a Indonésia e o México. 

Nosso país não participou oficialmente nas instâncias prévias, exceto com economistas individuais que aportam ideias e políticas de forma autônoma, querendo facilitar o governo a assumir seu papel internacional neste novo paradigma financeiro, tão urgente cada vez que a camisa de força da dívida provoca instabilidade financeira no curto prazo. 

A necessidade de enfrentar a crise internacional tem que ser uma premissa de transformações estruturais do sistema e não simples mutações de comportamentos políticos de curto prazo.

O momento é adequado pela fortaleza política e econômica dos atuais governos tanto nos BRICS como em nosso país. Para que, na próxima cúpula, possamos ver os BRICS em ação internacional.

*Economista, professor da Universidade de Buenos Aires

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BRICS, БРИКС: Brasil, Rússia, Índia, China, South Africa, Бразилия, Россия, Индия, Китай, Южная Африка


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