terça-feira, 27 de maio de 2014

ANGOLA É PRIORIDADE NA CHINA

27 maio 2014, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Angola é um dos países prioritários para a China em África, continente onde, nos próximos anos, vai continuar a aprofundar o seu envolvimento, de acordo com um centro de estudos dos Estados Unidos.

No artigo “África na Política Externa da China”, publicado pelo centro de estudos Brookings, o analista Yun Sun identifica como sinais de evolução, na relação entre a China e os países africanos, o aumento do investimento na formação de recursos humanos e o fomento de programas de responsabilidade social no continente.

“Nos próximos anos, o envolvimento da China em África deve crescer”, diz o analista, prevendo que o sistema actual se “actualize, adoptando soluções rápidas para alguns problemas sociais”.

Actualmente, “as actividades económicas da China estão a um nível sem precedentes”,
uma tendência que também coloca desafios. Para Yun Sun, recomenda-se uma reconsideração estratégica mais profunda da relação, na qual é hoje prioritário aceder a recursos naturais africanos e a este mercado em crescimento, como estímulo ao crescimento económico chinês.

Sendo Angola o maior fornecedor de petróleo à China em África, a par do Sudão, o estudo dá grande destaque ao papel do nosso país entre os principais parceiros chineses no continente.

Os dois Estados estabeleceram em 2010 uma parceria estratégica, com a China a fornecer linhas de crédito e Angola a pagar com petróleo, que fez com que o comércio bilateral aumentasse mais de dois mil por cento entre 2002, final da guerra civil, e 2012, fazendo de Angola o segundo principal parceiro da China, entre os oito países de língua portuguesa.

De acordo com os dados oficiais, as trocas comerciais entre os dois países ascenderam a 35,91 mil milhões de dólares (cerca de 3,6 triliões de kwanzas) em 2013, com a China a vender a Angola produtos no valor de 3,96 mil milhões de dólares e a comprar mercadoria cujo valor ascendeu a 31,94 mil milhões de dólares.

Para Yun Sun, as prioridades de Pequim fazem com que o Ministério do Comércio chinês se mostre “naturalmente inclinado” a consignar grande parte dos apoios externos a países que oferecem mais oportunidades e benefícios comerciais à China.

Uma vez que o interesse económico chinês está voltado para a exploração de recursos naturais africanos, são os países ricos em recursos a merecer mais atenção, como é o caso de Angola.

País modelo

O nível de apoio ao nosso país foi de tal ordem e o regime de ajuda tão eficaz que acabou por ser alargado a outros países com o nome de “Modelo Angola” – acordos de financiamento com baixas taxas de juro para os países africanos, garantidos com o fornecimento de matérias-primas.

“Estes países têm grande dificuldade em obter quaisquer financiamentos nos mercados financeiros internacionais e a China fez com que esse financiamento estivesse relativamente disponível”, escreve Yun Sun no artigo que analisa a interacção entre África e a China.

Angola completou o primeiro empréstimo garantido por petróleo em Março de 2004 e, de acordo com o analista do Brookings, as linhas de financiamento ajudaram as petrolíferas chinesas a assegurar contratos de exploração.

Em 2005, a aquisição pela Sinopec do Bloco 3/80 coincidiu com o anúncio de um novo empréstimo de dois mil milhões de dólares a Angola, e em 2010 a mesma petrolífera estatal chinesa comprou 50 por cento do Bloco 18, ao mesmo tempo que a primeira parcela de um empréstimo do Banco de Exportações e Importações da China.

Entre 2004 e 2011, segundo a investigadora Deborah Brautigam, a China efectuou negócios sem precedentes com pelo menos sete países ricos em matérias-primas, com um valor próximo dos 14 mil milhões de dólares.

Luanda recebeu no início de Maio a visita oficial do primeiro-ministro chinês Li Keqiang, inserida numa digressão pelo continente africano, que o levou à Etiópia, Nigéria e terminou no Quénia.

Os países assinaram dois acordos, um para a supressão de vistos diplomáticos e o segundo no domínio financeiro, após um encontro entre Li Keqiang e o Presidente José Eduardo dos Santos.

As autoridades angolanas atribuem uma importância especial às relações com a China, país com o qual tem estado a alargar os domínios da cooperação.


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