sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Argentina/VITÓRIA DE CRISTINA É AVANÇO NA LUTA CONTRA DIREITA NEOLIBERAL

18 agosto 2011/Vermelho EDITORIAL http://www.vermelho.org.br

Foi uma vitória esmagadora a que a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, candidata da Frente para a Vitória, alcançou no último domingo (14) no processo que ficou conhecido como as primeiras eleições primárias, abertas, obrigatórias e simultâneas no país. A mandatária alcançou mais de 50% dos votos, credenciando-se desta maneira à reeleição, praticamente assegurada, caso não ocorram alterações drásticas na situação do país.

Foram quase 38 pontos percentuais sobre as chapas concorrentes com melhor desempenho: Ricardo Alfonsín-Javier González, da aliança União para o Desenvolvimento Social, e Eduardo Duhalde-Mario das Neves, da Frente Popular, ambas em torno dos 12%.

A presidente ganhou em todo o país, à exceção de uma única província. Mesmo em Buenos Aires, onde o candidato da oposição de direita, Maurício Macri, venceu há poucas semanas a disputa pelo governo local, Cristina Kirchner saiu-se vitoriosa nas eleições primárias.

Nem os cálculos mais otimistas do círculo governamental poderiam prever uma vitória tão consagradora. Quanto à oposição neoliberal e conservadora, vão passar muito tempo procurando entender por que fez prognósticos tão distantes da realidade. Nos dias que antecederam as primárias, os meios de comunicação ficaram congestionados com as mais catastróficas previsões de derrota do kirchnerismo. Também no Brasil não faltaram “análises” sobre o possível “fracasso do populismo”, o que explica o desapontamento da mídia golpista com o avanço das forças progressistas no país vizinho. Quando da divulgação dos resultados, a mídia dos monopólios e do imperialismo buscava explicar as razões do sucesso da formação governamental argentina. Veículos que se apresentam como ases do jornalismo moderno e imparcial e outros que se jactam de possuir inovadores princípios doutrinários não tiveram pejo em se expor ao grotesco de atribuir em editoriais e comentários a vitória de Cristina à exploração da “imagem de viúva fragilizada”. Profissionais consagrados choram “a volta do populismo”.

No quadro das eleições primárias argentinas, chama a atenção ainda o retumbante fracasso das falsas alternativas supostamente de esquerda, como revela o esquálido desempenho da Coalizão Cívica, liderada por Elisa "Lilita" Carrió, que caiu de 23,04% dos votos obtidos nas eleições presidenciais de 2007 a 3,30% nas primárias do último domingo.

Merece destaque o elevado comparecimento do eleitorado, que registrou novo recorde: 77,82% dos mais de 28 milhões de eleitores foram às urnas.

Tudo indica, assim, que a Argentina dará a Cristina Kirchner na eleição presidencial de 23 de outubro próximo o segundo mandato, o terceiro da corrente nacionalista-popular, série inaugurada por Néstor Kirchner, derrotando a direita restauradora que pretende fazer o país retroceder aos nefastos anos 1990, quando se viveu “a horrível noite neoliberal de Menem e De La Rua”, como afirma a proclamação de apoio do Partido Comunista à mandatária.

Com todos os limites e complexidades da situação, a reeleição de Cristina Kirchner afigura-se como o caminho viável para assegurar a continuidade na realização de reformas opostas ao neoliberalismo, conservadorismo e entreguismo, como base para conquistas mais amplas e profundas que signifiquem progresso social, soberania nacional, aprofundamento da democracia e integração latino-americana.

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