quarta-feira, 28 de abril de 2010

Moçambique/Castanha de Cajú: Necessários investimentos massivos para Moçambique recuperar o seu lugar de maior produtor mundial

26 abril 2010/Rádio Moçambique (RM)

Moçambique terá que fazer investimentos massivos para voltar a recuperar os elevados indices de produção de castanha de caju alcançados até finais da década de 70, quando atingiu mais de 200 mil toneladas/ano.

Face aos constrangimentos financeiros, as autoridades moçambicanas consideram ser utópico pensar que Moçambique possa voltar, a curto ou médio prazo, voltar a ocupar uma posição privilegiada na produção mundial da castanha de caju, que neste momento não atinge as 100 mil toneladas/ano, necessário para viabilizar qualquer indústria do sector.

“Moçambique não tem a mínima capacidade de fazer isso, ou seja, o país não tem recursos financeiros para investir 60 milhões de dólares na produção”, admitiu Raimundo Mathule, director adjunto do Instituto Nacional de Caju (INCAJU), uma instituição que, entretanto, está a apostar, fortemente, na produção de mudas, para a substituição dos cajueiros já envelhecidos.

Mathule frisou que “em menos de 10 anos, não vamos voltar a atingir as 215 mil toneladas que Moçambique produziu quando o país tinha árvores com idades variando de 10 a 20 anos no máximo, pelo que, para nós, é utópico pensar que podemos voltar a ocupar esses lugares cimeiros nos próximos tempos”.

Segundo vincou Mathule, para Moçambique voltar a recuperar os índices elevados de produção de castanha de caju alcançados até finais da década de 70 terá que fazer investimentos massivos na produção agrícola, tal como fez o Vietname, que nos últimos três anos, terá investido entre 60 e 70 milhões de dólares norte-americanos só na produção de castanha de caju.

Moçambique, durante a década de 70, chegou a ser considerado o maior produtor mundial de caju, mas em finais dos anos 80 o sector começou a registar uma redução drástica, devido a factores relacionados com o clima, envelhecimento dos cajueiros e, ainda, ao aparecimento de pragas e doenças, num cenário que acabou atingindo o colapso na década de 90, na sequência da implementação de políticas desajustadas recomendadas pelo Banco Mundial, um dos principais parceiros do Governo moçambicano.

Contudo, nos últimos anos, fruto de um trabalho desenvolvido e coordenado pelo INCAJU e outros sectores da sociedade, visando a pulverização das plantas, por um lado, e por outro, o replantio de novas espécies mais tolerantes e resistentes a pragas, o sector tem estado a registar melhorias, o que permite, actualmente, uma produção média anual de cerca de 90 mil toneladas de castanha. Na campanha finda, Moçambique produziu cerca de 95 mil toneladas de castanha.

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