quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Colômbia/Farc negam assassinato de governador e questionam Uribe

24 dezembro 2009/Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br

De acordo com comunicado da guerrilha, morte do governador de Caquetá está relacionada ao paramilitarismo

Bogotá -- Logo após o sequestro e morte do governador do estado colombiano de Caquetá, Luis Francisco Cuéllar – o corpo foi encontrado ontem (23) com marcas de tiros e rodeado por explosivos –, o presidente Álvaro Uribe imediatamente acusou as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) pelo crime. No entanto, de acordo com comunicado da guerrilha, publicado pela Anncol (Agência de Notícias Nova Colômbia), vinculada às Farc, não há envolvimento no episódio.

O texto questiona as intenções de Uribe ao conectar o crime às Farc e explora o fato de o governador de Caquetá ter sido suspeito de ligações com o paramilitarismo. “Quase 90% do país ignora que o governador de Caquetá prestou depoimento no mês de março deste ano, na Fiscalia (delegacia) 11 de Bogotá, devido aos seus laços com paramilitares. Mas isso nenhum meio de comunicação diz”.

Cuéllar foi seqüestrado na segunda-feira (21) de sua residência por um grupo de homens armados. Na operação houve troca de tiros e um policial foi morto. O secretário de governo de Caquetá, Edilberto Ramón Endo, disse na ocasião que o governador havia solicitado proteção das autoridades por causa de ameaças e acusou as Farc.

“Assim como 80% dos pecuaristas do país, o governador assassinado tinha estreitas ligações com os paramilitares e está na origem da chegada dos paramilitares na região (...) No Departamento do Caquetá, todos conhecem suas relações com os mafiosos e paramilitares como Cristo Malom (Luis Alberto Medina Salazar), Leonidas Vargas, Micky Ramirez e Uriel Henao”, dizem as Farc.

Terceiro mandato
A proximidade do ano eleitoral de 2010 na Colômbia – Uribe busca o terceiro mandato – é apontada como uma motivação para o presidente vincular as Farc ao crime. A principal bandeira do governo uribista é o combate ao narcotráfico. “Ninguém acredita no tom aflito de Uribe diante da morte do governador. Sobre suas cinzas vai ser reeleito como o messias da fracassada política da ‘segurança democrática’. O ano de 2010, mesmo sem ter começado ainda, mostra-nos a magnitude que o conflito colombiano tomará se o próprio regime nega-se a uma solução política para o conflito social, político e armado que se vive na Colômbia”, prossegue o texto.

De acordo com a guerrilha, a rapidez com que as Farc foram acusadas demonstra as intenções do governo. “Os leitores devem se perguntar, como se perguntava Sir Winston Churchill, para quem serve este morto? Muitos crimes na Colômbia, onde a impunidade é de 99%, continuam sem solução depois de permanecer 20 anos na mais completa impunidade, devido à paquidérmica e tendenciosa justiça colombiana. Não acreditamos que, em questão de horas, o presidente e seu regime tenham determinado que as Farc sejam as autoras do fato, sem mostrar sequer uma só prova”, conclui.

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