terça-feira, 30 de junho de 2009

Timor-Leste/PARA ONDE VAMOS NÓS COM ESTES LÍDERES DESONESTOS?

Por Gonçalo Tilman Gusmão

27 junho timorlorosaenacao

“O ESCÂNDALO DA CORRUPÇÃO DE XANANA NÃO É NADA COMIGO” – Ramos Horta

Foi exactamente ontem que ficámos a saber que o presidente José Ramos Horta leu finalmente a Constituição da República de Timor-Leste. Já não era sem tempo, peca por tardio e por julgar que é um monte de plasticina.

Abordado e convidado a pronunciar-se sobre o escândalo da Prima Alimentar-Xanana Gusmão-Zenilda Gusmão, diz o articulista da ABC Austrália que José Ramos Horta se distanciou e nem comentou, afirmando que os negócios de Xanana não seriam nada que lhe dissesse respeito, não sendo de sua alçada intervir.

Disse ainda mais: “No nosso sistema político, o presidente não tem autoridade executiva. Eu não posso interferir todos os dias na gestão do país". E ainda: "Se isso é o que quero fazer será melhor eu concorrer ao cargo de Primeiro-Ministro. Essa é a responsabilidade do Primeiro-Ministro."

Curioso, como o PR só agora chegou a essa conclusão. À conclusão de que não tem poderes executivos. Disso não se lembrou quando em campanha eleitoral mentiu com todos os dentes que tinha, prometendo mundos e fundos aos timorenses que ainda acreditavam nele e que o viam como o provável garante de algum alivio dos seus martírios do dia-a-dia, de todos os dias.

Porque foi só agora que chegou a essa conclusão? Para procurar proteger o amigo e parceiro de golpe de Estado Xanana Gusmão? Não sabia isso quando apelou ao seu xenofobismo e aflição de que a Justiça fosse feita na realidade e como devia quando pressionou, interferiu e saneou o juiz Ivo Rosa? Porque nesse período não cumpriu o que está estipulado na Constituição e respeitou a independência e autonomia do Poder Judicial? Porque prometeu na sua campanha eleitoral um milhão de dólares para a Igreja de Timor e cumpriu a promessa se não tem poderes executivos? Mas porque razão não cumpriu as promessas que fez a todos nós, nem sequer às crianças do Ataúro quando (um exemplo) lhes prometeu imenso, inclusive computadores?

Um PR não pode nuns dias interpretar a Constituição da República de um modo e no outro dia de outro modo, conforme as suas conveniências. Muito menos pode superar-se à Constituição, devendo cingir-se sempre a ela, porque deve e jurou cumpri-la.

Está claro para todos nós quem é José Ramos Horta. Afinal em nada mudou e só tem prosperado com a nossa desgraça. Com ela tem feito o seu precioso currículo e nem sequer o sabe reconhecer e usar de honestidade e humildade suficiente e cumprir os preceitos constitucionais. Não será a única personalidade timorense nestas circunstâncias mas é o principal, disso não restam dúvidas.

“OURO EM GRÃO”

Sabemos que os milhões de dólares que envolvem os bens alimentares importados, principalmente o arroz, deram origem a uma corrida ao “ouro em grão”, que já vem de há anos e que se acentuou de forma alarmante durante a vigência deste governo da AMP. Consciente disso, Xanana Gusmão não quis ficar fora da corrida e através de amigos (mais de três, segundo rumores) e de familiares (para já sabe-se que da sua filha Zenilda) não deixou de também participar no negócio do arroz, como podemos depreender pelas últimas notícias que põem a descoberto o escândalo da Prima Alimentar.

De forma alguma podemos acreditar que Xanana Gusmão não sabia o que estava a fazer quando favoreceu a Prima Alimentar, onde a sua filha é importante accionista. Mais natural será Zenilda Gusmão desconhecer para o que estava a concorrer. Quanto destes lucros vão para Xanana Gusmão? Quanto destes lucros se destinam a Zenilda? Perguntas pertinentes que estão sem resposta mas que compete ao PR, que confunde a Constituição com um monte de plasticina que molda a seu prazer, esclarecer com o PM ilegalista. Esclarecer-se e transmitir-nos o que vai fazer para colmatar as ilegalidades comprovadamente cometidas.

Depois se verá se é ou não caso para exigir a sua demissão – certamente que sim – e proceder ao anúncio da demissão imediata do governo com nomeação de um governo de gestão que preparará eleições antecipadas. Os gabinetes ministeriais deviam de ter já sido selados a estes ministros e demais elementos do governo AMP, é lá que se poderá recolher provas suficientes que em último caso conduzirão a condenações judiciais todos que se têm aproveitado dos bens públicos para benefício próprio.

Sobre os enriquecimentos imediatos e precoces exibidos o PR tem conhecimento. Ou também não? Se não, o que faz o PR naquele cargo? Se sim, o que não tem feito o PR e que devia fazer? E a PGR? O que está a fazer a PGR? Quando termina este despudorado fartar vilanagem?

LEGITIMIDADES COMPROMETIDAS

Em muitos aspectos os procedimentos do primeiro-ministro Xanana Gusmão têm merecido bastantes críticas e acusações de que se tem procurado livrar falsa e airosamente. Por certo que irá procurar livrar-se desta evidência com a sua tão bem conhecida arte de enganar. Fará o que mais lhe convier para continuar na senda dos seus objectivos, fazer florescer uma elite que já dá mostras de deter o Poder e de o usar como melhor aprouver. Violentamente se necessário.

Dizendo-se o PR Ramos Horta um pacifista e um individuo íntegro, como pode ele dissociar-se da realidade do país e do modo como os governantes escolhidos por ele estão a governar-se?

Não restam dúvidas de que as legitimidades que Horta e Xanana Gusmão-AMP reivindicam por via das eleições de há quase dois anos mais uma vez caíram por terra. Muito claramente e com estrondo desta vez.

Em consciência, pelos antecedentes, pelos indícios, pelas provas, pelas ilegalidades cometidas por este governo e vastamente denunciadas, o PR tem de tomar uma atitude justa em defesa do Estado de Direito e que permita fazer reflorescer as esperanças de todos nós, timorenses, poupando o país a mais devassas de mentes criminosas e antidemocráticas.

Ainda em consciência, após a convocação de eleições antecipadas para o PN e a tomada de posse do novo governo, deverá o presidente Ramos Horta anunciar a sua demissão do cargo e, se for o caso, voltar a candidatar-se por modo a reaver a sua legitimidade, se for eleito. Não há dúvidas de que agora a sua legitimidade está comprometida e ele sabe-o. Não é por acaso que “procura emprego na internet”, como se comenta. Caso se queira afastar não precisa de se legitimar candidatando-se. O que não serve ao país é que na Presidência da República esteja um PR que tem levado o mandato a “fazer favores” aos que só nos têm trazido desgraças e injustiças e que vai interpretando a seu modo a Constituição da República.

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