terça-feira, 14 de abril de 2009

Brasil/Entidade defende criação do 'G8 dos países lusófonos'

Rio de Janeiro, 14 abril 2009 (Lusa) - A criação de um “G8 da Língua Portuguesa” para aumentar comunicação entre os países lusófonos, desenvolver negócios e facilitar o diálogo entre a classe empresarial, defendeu o presidente da Câmara Brasil-Portugal do Ceará, Armando Ferreira.

"Nós somos oito países e para não haver confusão agora que o G8 [grupo dos países mais ricos do mundo] foi ampliado para 20, nós vamos criar o nosso G8", disse Ferreira à Agência Lusa, no lançamento do 5º Encontro Empresarial de Negócios na Língua Portuguesa.

O evento, que pretende promover e aumentar os negócios das empresas lusófonas é uma organização do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, que acontece entre 28 e 29 de setembro em Fortaleza.

Ferreira explicou que, além do Rio de Janeiro, o encontro já foi lançado em outras três capitais brasileiras (Belo Horizonte, São Paulo e Salvador), "onde a presença portuguesa é mais significativa e onde também estão sediadas a maior parte das empresas que fazem negócios neste mundo da língua portuguesa".

O Brasil, afirma Ferreira, tem um papel preponderante para criar novos negócios, principalmente nos países africanos de língua oficial portuguesa (Palop), onde ainda há um "desconhecimento muito grande".

"Os desafios começam pela informação. As empresas têm que se conhecer. É necessário demonstrar e evidenciar quais são as oportunidades de negócio", afirmou.

Ferreira acrescentou que são setores transversais a todas as economias e os mais promissores são os ramos do turismo, agronegócio e infraestrura.

"Todos esses países estiveram em guerra e estão com as redes rodoviárias, portos, aeroportos e energia a necessitar de muitas parcerias, know how e investimento", frisou.

Potencial
O cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, o embaixador Antonio Almeida Lima, concorda com a posição de Ferreira, destacando o "potencial extraordinário" para desenvolver o grupo dos oito países de língua portuguesa.

"Nós temos uma herança que é a língua comum e temos que pôr a render essa herança. Não é só a língua, é também muito da cultura que está presente em todos estes oito países e que tem raízes comuns", afirmou.

Almeida Lima disse ainda que a lusofonia pode ser o ambiente propício para encontrar familiaridade nos locais onde negócios são realizados.

"O fato de estarmos presentes nos cinco continentes permite visualizarmos oportunidades de negócios em áreas geográficas muito diversas", afirmou ao realçar que o encontro de negócios poderá ser uma "boa oportunidade para mostrar que existe uma capacidade e um potencial de fazer negócios em língua portuguesa".

Idioma
Além disso, o presidente do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, Rômulo Alexandre Soares, admitiu que o Brasil e Portugal são países preponderantes na comunidade lusófona e realçou que o desafio para integrar os Palop é abrir espaço para "falar mais" sobre as oportunidades de negócios.

"As ligações culturais entre os países de língua portuguesa tem crescido muito nos últimos anos", assim como os negócios em língua portuguesa, disse à Agência Lusa, colocando o idioma como um fator facilitador.

"Todos os países reconhecem no Brasil um papel importante pelo número de habitantes (quase 150 milhões de pessoas que falam português). O Brasil tem um papel decisivo e é um ator preponderante nesse processo e todos os outros sete países sabem disso", disse.

Soares destacou ainda que há "sinergias que podem ser criadas entre os oito países".

A divulgação do encontro empresarial será feita este mês na cidade de Praia (Cabo Verde), e em maio em Luanda (Angola) e Maputo (Moçambique).

A quinta edição do encontro contará com um fórum e uma rodada de negócios sobre cinco temas considerados relevantes para o grupo dos oito países: turismo, infraestruturas, recursos naturais, agronegócios e inovação tecnológica.

A última edição do evento empresarial foi realizada em 2007, no Rio de Janeiro, com o tema energia no centro das discussões, precedida por Salvador (2005), São Paulo (2003) e Belo Horizonte (2001).

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