quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A 75 ANOS SANDINO VIVE E LUTA PELA UNIDADE DOS POVOS LATINOAMERICANOS




Ricardo Zúniga García *

(ADITAL) Agência de Informação Frei Tito para a América Latina
20 fevereiro 2009/ADITAL http://www.adital.com.br

Tradução: ADITAL

Um 21 de fevereiro (1934), foi assassinado à traição o líder nacionalista latinoamericanista e antiimperialista Augusto Calderón Sandino.
Sandino alcançou reconhecimento nacional e internacional por conseguir, em um país onde as elites viam como natural ser submetidos ao protetorado do emergente império estadunidense, convocar um importante setor de mineiros, camponeses e artesãos; a defender a soberania nacional e a lutar por uma sociedade justa. Encabeçou a primeira experiência exitosa de guerra de guerrilhas no continente no século XX, conseguindo derrotar com um punhado de "pobres" o exército interventor dos Estados Unidos, de aproximadamente 5.000 homens dotados da tecnologia militar de ponta, na época. Isso representou uma verdadeira façanha, levando-se em consideração que Nicarágua naquele tempo contava com uma população rural e dispersa de 600.000 habitantes.
Porém, possivelmente, seu maior mérito tenha sido o de aglutinar, entusiasmar em torno a um projeto digno, que consistia em uma pequena terra para os camponeses, artesãos e operários, de uma economia autogestionária; um projeto e país soberano, que se viabiliza e consolida em um processo de unidade continental frente à agressão imperialista.
Sandino conseguiu levantar a autoestima de uma boa parte dos nicaraguenses, de tal maneira que, apesar de seu assassinato a traição por Somoza, em conluio com o governo estadunidense de então e da tentativa desses atores em ocultar sua trajetória e enterrar sua memória, ele pode renascer na consciência de seu povo e ser inspiração profunda especialmente nas décadas de 70 e 80 do século passado com o caminhar da Revolução Popular Sandinista; e continua inspirando hoje os nicaraguenses e latinoamericanos que tentam avançar rumo a Alba.
Há dois traços do pensamento de Sandino que conservam especial vigência: sua confiança em que são os operários e os camponeses, com sua força organizada, quem "irá até o fim", devido à sua constância na defesa de seus legítimos interesses. Y sua constante e insistente convicção de que é possível construir um mundo diferente ao da ordem capitalista imperialista, que concede às nações pequenas latinoamericanas a condição de "pátio traseiro" da nação imperial. Rebelando-se contra a mentalidade dominante da Nicarágua na época, onde boa parte da população, especialmente os intelectuais, via como muito natural; como algo imposto pela força ‘do destino’ que nosso país fosse um protetorado estadunidense. E o pior: viam isso como a melhor alternativa para o desenvolvimento econômico do país. Foram tão reiteradas as intervenções militares estadunidenses para proteger as empresas de economia de enclave ou para sustentar governos aliados servis que a maioria dos políticos tradicionais viam como um fato inevitável; a saída era acomodar-se e resignar-se.
Ante o espírito humilhado e servil da classe política de seu tempo, Sandino fez constantes chamados à solidariedade do povo latinoamericano com a luta de seu pequeno exército de artesão e camponeses. Conhecendo as diferentes tendências políticas dos presidentes dos países da América Latina de seu tempo, fez reiterados chamados à unidade latinoamericana a partir do sonho de Bolívar, propondo concretamente assumir o projeto da construção de um canal interoceânico cortando Nicarágua que fosse uma sociedade com capital majoritariamente latinoamericano. Apesar de não ter estudos acadêmicos, Sandino percebia com clareza que grandes projetos, como o canal interoceânico, os serviços públicos estratégicos deviam ser garantidos pelos Estados em função dos interesses de seus povos. Certamente, as cartas de Sandino aos governos da Região que nunca tiveram uma resposta oficial conhecida, hoje teriam uma acolhida positiva dos países signatários da Alba e de países que participam desse mesmo espírito, como Equador e Paraguai.
Sandino teve a virtude de unir solidamente a dimensão local da luta pela soberania popular e o respeito aos direitos humanos à terra e à liberdade de sua pequena Nicarágua, com a dimensão continental latinoamericana, com a qual se completava e articulava.
Sandino inicia sua luta partindo de sua própria experiência como trabalhador mecânico nas bananeiras estadunidenses em Honduras, na Guatemala e no México. Ele se nutre de sua experiência de luta, aprendendo com a história de luta dos trabalhadores organizados. Estuda disciplinadamente com os líderes sindicais da nascente revolução mexicana. E quando decide regressar a Nicarágua para iniciar sua luta, conta com as suas humildes economias no total de 5.000 dólares, reunidos após vários anos de vida austera e disciplinada. Depois juntaria outros recursos; porém, a base foi seus próprios recursos economizados com o trabalho realizado como operário.
Um conhecido programa de análise que se transmite na Nicarágua pela rádio La Primeirísima’ recorda a cada dia aos ouvintes uma frase de Sandino dirigida aos seus combatentes, que vai permanecendo na consciência de nosso povo: "Vocês são obrigados a divulgar junto aos povos da América Latina que entre nós não deve haver fronteiras. Pois, a Pátria Indohispânica começa no Río Bravo e termina nos confins da Patagônia".
Sandino tem muitas coisas a comunicar-nos ainda. Esperamos desenvolver, em artigos seguintes, elementos importantes de seu legado histórico. Também me parece oportuno comunicar a mensagem inicial de Sandino, o 'Manifiesto de San Albino, por Augusto C. Sandino'.

* Colaborador de Adital. Educador nicaragüense. Analista político.

Brasil/ESCOLA LIBERTADORA

Antônio Mesquita Galvão *

(ADITAL) Agência de Informação Frei Tito para a América Latina
20 fevereiro 2009/ADITAL http://www.adital.com.br

Adital - No meio do tiroteio entre a intelligentzia oficial e o MST, os filhos de acampados, usuários das "escolas itinerantes" vão inaugurar nova categoria de excluídos: os "sem-escola". Há tempos, li uma matéria denunciando o Ministério Público que, nas fráguas do deslumbramento do poder, excede suas funções, assumindo, em alguns casos, atitudes policialescas e até julgadoras. Para esta avaliação, é salutar lembrar que vivemos em um país que promove o direito antes da justiça.
Em um dos jornais da capital li uma matéria onde um integrante do Ministério Público, promotor ou procurador, não recordo, usa velhos e anacrônicos clichês, como "lavagens cerebrais", "sociedade socialista". Só faltou falar em "comerem criancinhas". O artigo aludido é sofista e tendencioso, na medida em que rejeita o uso do dinheiro público para educar aquelas crianças, mas deixa de falar na inércia oficial de promover, com o mesmo direito, uma reforma agrária justa.
Dom Xavier Giles, Secretário Geral da CPT (Comissão Pastoral da Terra), que é um bispo da Igreja Católica, e não um "padreco" como foi chamado desrespeitosamente pelo promotor aludido, tachou a intenção de fechar as "escolas itinerantes" de terrorismo, escândalo e desrespeito. Já imaginaram se o prelado classificasse o bacharel de forma igualmente desrespeitosa? Seria preso e processado. O funcionário público não está acima da lei e da ética para desrespeitar as pessoas. Esses destemperos verbais revelam a insegurança no trato da questão.
Fechar uma fonte de ensino, sem que se ofereçam alternativas, fere os princípios democráticos. Talvez seja melhor um "ensino a Fidel Castro" (que não é o caso) como foi falado, do que um estilo gaúcho, onde historicamente a SEC, dando mau exemplo, não se acerta com seus professores.
O promotor em debate parece defasado politicamente, quando fala em marxismo, conteúdo há muito superado. Alienante é a forma de ensino praticado pelos meios oficiais, onde o "politicamente correto" cria gerações sem iniciativa, sem senso crítico, individualistas, onde ninguém pensa no coletivo.
Fechar as escolas será mais um golpe, aplicado à sorrelfa contra os movimentos populares. As crianças que sempre estudaram em acampamentos terão duas opções: ou deixam de estudar (o poder adora analfabetos, pois são manipuláveis) ou vão ter que caminhar quilômetros até as escolas "regulares". Isto é autoritarismo! O poder não quer jovens que pensem, mas que estejam embretados nos trilhos do "saber oficial" para reproduzir clichês alienantes e alienados.
Paulo Freire disse que "a educação deve ser libertadora ou não é educação". Só liberta o sistema que ensina a pensar, a buscar o senso crítico e a julgar. Os governos adoram servir "pratos feitos".
Por conta do patrulhamento da mídia neoliberal, do recuo da Teologia da Libertação e da imposição de uma ideologia que demoniza os movimentos populares, é que o Brasil não tem consciência social, sendo refém do status quo que valida políticas desastradas.

* Doutor em Teologia Moral

Ao publicar em meio impresso, favor citar a fonte e enviar cópia para: Caixa Postal 131 - CEP 60.001-970 - Fortaleza - Ceará - Brasil

Para receber o Boletim de Notícias da Adital escreva a adital@adital.com.br

Cabo Verde vai debater lei para reprimir lavagem de dinheiro

Praia, 25 fevereiro 2009 (Lusa) - A Assembleia Nacional de Cabo Verde inicia a sua sessão mensal quinta-feira com uma agenda de trabalhos que inclui uma proposta do Governo com medidas destinadas a prevenir e reprimir o crime de lavagem de dinheiro.

Segundo uma nota oficial, serão discutidas e votadas também as propostas de lei que criam a Taxa Ecológica e a comissão de organização das comemorações dos 550 anos da descoberta de Cabo Verde e o 35º aniversário da independência do arquipélago.

Os 72 parlamentares, que vão igualmente debater a crise financeira internacional, bem como questionar o executivo de José Maria Neves sobre este e outros assuntos, analisarão ainda uma proposta de lei de enquadramento orçamental.

Em novembro de 2008, numa entrevista à Agência Lusa em Lisboa, o primeiro-ministro cabo-verdiano afirmou que o seu executivo iria "fazer tudo" para evitar que Cabo Verde fique com uma imagem de país facilitador de tráfico de capitais ou de negócios ilícitos.

A afirmação surgiu na sequência do envolvimento do Banco Insular (BI), de Cabo Verde, em "irregularidades de gestão" ligadas ao Banco Português de Negócios (BPN), entretanto nacionalizado pelo Governo de Lisboa.

José Maria Neves frisou então que "dificilmente" Cabo Verde será um país onde se faça lavagem de dinheiro, adiantando que o Governo, no passado, aprovou uma lei nesse sentido, norma que foi entretanto alvo de uma revisão, tendo em conta "outros indícios" detectados pelas entidades de regulação e pelo próprio executivo.

Segundo José Maria Neves, caso seja aprovada, a futura lei vai "bloquear, ou blindar mesmo, quaisquer tentativas de lavagem de capitais em Cabo Verde".

"Em relação aos bancos "off shore", estamos a tomar todas as medidas de modo a que Cabo Verde não seja um espaço de lavagem de capitais. Aqui somos implacáveis. Vamos tomar todas as medidas necessárias, porque não queremos que Cabo Verde seja um país de tráficos ou de capitais ilícitos", frisou então.

"O que nós pretendemos é uma praça financeira com credibilidade e com qualidade no plano internacional. Não queremos que haja a ideia de que é possível aproveitar-se o país para operações ilegais ou lavagem de capitais. Queremos o desenvolvimento e o crescimento de Cabo Verde, mas de forma decente", acrescentou.

Contatada pela Lusa, a ministra da Justiça cabo-verdiana, Marisa Morais, limitou-se a indicar que o projeto-lei, que deverá ser aprovado na próxima semana, trará "muitas novidades", com vista a reforçar a Justiça e a eficácia no combate ao crime de lavagem de dinheiro.

Países de Unasur conformarán Consejo de Defensa en Chile

Los ministros de Defensa de los doce países que conforman la Unasur, serán los encargados de conformar el Consejo Suramericano de Defensa, el cual tendrá entre otros de sus objetivos la creación de un ejército combinado que actúe en casos de catástrofe o desastres naturales y sincerar los gastos militares de países en la región.

25 febrero 2009/TeleSUR http://www.telesurtv.net

Los doce países miembros de la Unión de Naciones Suramericanas (Unasur), se reunirán en Chile el próximo 9 y 10 de marzo para constituir el Consejo Suramericano de Defensa, ideado para prevenir situaciones similares a la incursión militar colombiana contra territorio ecuatoriano, que fue acordado en la pasada cumbre del organismo en Brasil en 2008.

Como lo informó el gobierno chileno, en esta reunión los titulares de Defensa de los países miembros acordarán la creación de un ejército combinado que actúe en casos de catástrofe o desastres naturales y para transparentar los gastos militares de los países de la región.

El encuentro fue preparado en la reunión que mantuvieron a finales de enero en Santiago los viceministros de Defensa de los doce países miembros de Unasur: Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colombia, Ecuador, Guayana, Paraguay, Perú, Surinam, Uruguay y Venezuela.

La idea de este proyecto de defensa surgió para prevenir situaciones similares a la incursión militar colombiana contra territorio ecuatoriano, con el pretexto de atacar un campamento de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC), operación en la que murió el número dos al mando, "Raúl Reyes".

El Consejo no supone una alianza militar convencional como la Organización del Tratado del Atlántico Norte (OTAN), sino un foro para promover el diálogo entre los ministerios de Defensa de la región.

El ministerio de Defensa chileno manifestó en un comunicado que el propósito 'del Consejo es funcionar como mecanismo de integración para discutir las realidades y necesidades en materia de defensa de los países de la zona, reducir la desconfianza y los conflictos, y sentar las bases de una política común.

Entre los temas de la agenda de Santiago está 'transparentar' el gasto militar con la presentación y promoción regional de la metodología estandarizada de medición que ya aplican bilateralmente Chile y Argentina.

También se elaborará un diagnóstico de la industria de defensa de los países miembros, y se identificarán las áreas y capacidades de asociación estratégica, con el fin de promover la complementariedad, la investigación y la transferencia de tecnología.

Ecuador, que en mayo sucederá a Chile en la presidencia pro témpore de la Unasur, se ha encargado de organizar un taller que servirá para elaborar el marco conceptual y la metodología de diagnóstico de la industria de la Defensa.

En la agenda de la reunión también está programada la planificación de un ejercicio combinado de cooperación militar en casos de catástrofe o desastres naturales a cargo de Perú, Argentina y Brasil.

http://www.telesurtv.net/noticias/secciones/nota/43608-NN/paises-de-unasur-conformaran-consejo-de-defensa-en-chile/

Bolivia y Venezuela inician conversaciones para planta de gas

25 febrero 2009/TeleSUR http://www.telesurtv.net

Expertos de Bolivia y Venezuela iniciarán este miércoles aquí conversaciones sobre la construcción de una planta de separación de los componentes líquidos del gas natural en la región tarijeña del Chaco, fronteriza con Argentina.
El anuncio lo realizó el propio presidente boliviano, Evo Morales, durante una alocución radial ayer de casi seis horas desde la emisora comunitaria Kausachum Coca, en la región del Chapare (Cochabamba).
Morales explicó que en las pláticas participarán por su gobierno representantes de la cartera de hidrocarburos y de la estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).
Asimismo destacó la apuesta de su Gobierno por la industrialización de los hidrocarburos, especialmente dirigidos al sector petroquímico en proyectos de gran envergadura.
Además señaló que otros pequeños proyectos en ese sector atenderán necesidades de pueblos originarios.
El pasado año Bolivia y Venezuela crearon la empresa mixta Petroandina con la finalidad de explorar y explotar nuevos pozos petroleros en el este del país suramericano y en el central departamento de Cochabamba.

http://www.telesurtv.net/noticias/secciones/nota/43646-NN/bolivia-y-venezuela-inician-conversaciones-para-planta-de-gas/

Portugal/Pesquisador brasileiro vence competição mundial da Microsoft

Coimbra, 25 fevereiro 2009 (Lusa) - A adaptação de resultados da pesquisa realizada na Universidade de Coimbra na área de transportes inteligentes possibilitou ao engenheiro brasileiro Jackson Matsuura vencer uma competição mundial promovida pela Microsoft e Kia Motors.

Matsuura, pesquisador do Instituto de Sistemas e Robótica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e docente do Instituto Tecnológico da Aeronáutica do Brasil (ITA), venceu neste mês a competição conhecida por KIA Urban Challenge.

Ele disse à Agência Lusa que, tendo em conta que um critério de desempate era o tempo, decidiu “simplificar algoritmos de pesquisas realizadas na FCTUC, no domínio dos transportes inteligentes, como várias técnicas aplicadas a veículos reais, como sensores laser de distância, para veículos e peões, e de visão por computador”.

“Optei por uma solução rápida e eficaz, adaptando técnicas mais elaboradas para cenários mais simples”, disse Matsuura, o que lhe permitiu desenvolver a aplicação em apenas três dias, quando o terceiro classificado demorou mais de duas semanas.

O desafio lançado pela Microsoft aos cientistas de todo o mundo era programar um automóvel virtual da KIA Motors para circular sozinho na cidade, sem chocar em nenhum objeto, não provocar acidentes e obedecer aos sinais de trânsito.

Com a tecnologia desenvolvida pelo brasileiro, o automóvel cumpriu todas as regras estipuladas no concurso e obteve a pontuação máxima. Esta competição é uma versão simulada inspirada no DARPA Urban Challenge.

Segundo o FCTUC, para cumprir as exigências recorreu a sensores, câmeras, medidores de distância por laser, GPS, entre outro material, e criou “uma solução inovadora que garantiu um comportamento irrepreensível do automóvel inteligente”.

Modelo real
Sobre a eventual possibilidade de transformar o modelo virtual em modelo real, Matsuura diz ser possível, “embora o kit desenvolvido necessite de diversos ajustes, exigindo muito mais tempo de pesquisa, mas alguns modelos utilizados neste ambiente virtual já poderiam ser aplicados em automóveis reais”.

Para ele, vencer a KIA Urban Challenge “assume particular relevância porque, por regra, é um americano ou um japonês a conquistar este tipo de competições porque têm muito mais recursos para a investigação. Este prêmio reconhece a qualidade tecnológica do Brasil e de Portugal”.

Na sua perspectiva, o prêmio que conquistou poderá ajudar a encontrar novas parcerias com a indústria para o Instituto de Sistemas e Robótica da FCTUC, e para o grupo de investigação de transportes inteligentes.

O prêmio consistiu num veículo Kia de 15 mil euros. Como em Portugal e na Europa a empresa não comercializava veículos com esse valor, a distinção acabou por ser monetária.

Matsuura é docente do Instituto Tecnológico da Aeronáutica do Brasil (ITA) e encontra-se há quatro meses cursando pós-doutorado na FCTUC, na área de Sistemas Inteligentes.

Angola/BDA disponibiliza 21 milhões de dólares para projectos agrícolas

Sumbe, Angola, 25 fevereiro 2009 - O Banco de Desenvolvimento de Angola vai disponibilizar 21 milhões de dólares para financiar 61 projectos agrícolas em dois municípios da província do Quanza Sul, afirmou em Sumbe o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria provincial.

No final de uma reunião com empresários, José Cungo disse à agência noticiosa angolana Angop que o dinheiro em questão será disponibilizado entre os meses de Maio a Julho do presente ano.

Os empresários do município da Kibala vão receber cerca de 12 milhões de dólares que se destinam à aquisição de equipamentos e infra-estruturas, visando a plantação de 4060 hectares de milho e 1678 hectares de feijão.

Para a Cela, os equipamentos e infra-estruturas estão avaliados em 21 milhões de dólares e, caso sejam financiados os 31 projectos apresentados, os agro-industriais pretendem plantar 7172 hectares de milho e 3333 hectares de feijão.

O vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria disse que o Quanza Sul foi a a província com mais projectos remetidos ao BDA no ano transacto, razão pela qual, até ao momento, os valores não foram disponibilizados.

O Banco de Desenvolvimento de Angola foi criado em 2006 como um instrumento que visa financiar projectos para o desenvolvimento da economia angolana, particularmente os investimentos do sector privado e produtivo. (macauhub)

Angola/Africanos preparam brigada militar de manutenção da paz

Luanda, 23 fevereiro 2009 (Lusa) - A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) realiza, desde domingo, em Cabo Ledo, na província angolana do Bengo, exercícios militares conjuntos para preparar uma brigada de manutenção da paz na África.

Os exercícios estão sendo realizados por 250 militares, concentrados na unidade dos Comandos das Forças Armadas de Angola, em Cabo Ledo.

Com duração de uma semana, as manobras têm como objetivo preparar a brigada especial da SADC para operações de manutenção da paz, conforme a força de alerta da União Africana.

Na cerimônia de abertura, o vice-chefe das Forças Armadas Angolanas, general Geraldo Sachipengo Nunda, disse que as manobras permitirão "testar a operacionalidade" da Brigada em Estado de Alerta, no quadro da sua missão de observação e controle, apoio à pacificação, intervenção num Estado-membro, tendo em vista a restauração da paz e a segurança e na prevenção de eventuais conflitos.

O chefe do exercício "Golfinho Fase I - Mapex" Matthendele Moses Dlamini, anunciou que a Brigada em Estado de Alerta da SADC está preparada para intervir na República Democrática do Congo e Madagascar, "para ajudar a restaurar a paz nesses países".

"A Brigada em Estado de Alerta da região deve funcionar como elemento importante na pacificação dos Estados de África", disse Dlamini,.

O exercício Golfinho com componentes militar, policial e civil, prevê três fases. A primeira é a preparação, a planificação e o exercício no mapa de Angola.

A segunda inclui um exercício de posto de comando, que ocorre em Moçambique, e a terceira corresponde à combinação entre os dois exercícios anteriores, com homens no local, prevista para a África do Sul.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Era de la CIA el diplomático de EU expulsado de Ecuador: Correa

La Jornada http://www.jornada.unam.mx

Quito, 22 de febrero 2009 - Mark Sullivan, primer secretario de la embajada de Estados Unidos expulsado de Ecuador, era el responsable de la Agencia Central de Inteligencia (CIA) en este país, aseguró hoy el presidente Rafael Correa, al dar nuevas razones sobre la decisión de su gobierno dada a conocer el jueves pasado.
El ministerio de Relaciones Exteriores declaró persona non grata a Sullivan al descubrir que se había cometido una intromisión inaceptable en los asuntos internos del Estado. El diplomático recibió información privilegiada de directivos policiacos sobre el narcotráfico en Ecuador y condicionó la cooperación logística y económica a la Unidad de Investigaciones Especiales de la policía nacional a la designación de funcionarios recomendados por la embajada estadunidense.
Correa destacó que la expulsión de Sullivan –anunciada después de una reunión del Consejo de Seguridad Nacional, el jueves– ocurrió después de decidir la destitución de Manuel Silva, jefe de la unidad policial dedicada a investigar casos de alto impacto.
Sullivan se llevó computadoras de la unidad policial
Sullivan hizo una barbaridad, sostuvo Correa en declaraciones hechas en la ciudad de Ambato, en la provincia de Tungurahua. Según el sitio noticioso Ecuador Inmediato, el diplomático se llevó computadoras de unidad policial.
Este es el segundo funcionario de la embajada de Washington en Quito que es expulsado del país por tratar de subordinar a miembros del gobierno ecuatoriano a directrices estadunidenses. El primero fue Armando Astorga, agregado de asuntos migratorios, a quien se le pidió la salida del país a principios de febrero.
El gobierno de Ecuador anunció desde 2007 que no renovaría el acuerdo que autoriza la permanencia de fuerzas estadunidenses en la base aérea de Manta, establecida en 1989.
El Departamento de Estado dijo el jueves que la expulsión de Sullivan –así como la de Astorga– no habrá de afectar la cooperación bilateral con Ecuador en asuntos de seguridad y desarrollo económico.
Además de Ecuador, Venezuela y Bolivia han tenido conflictos con diplomáticos estadunidenses. Este sábado, el presidente boliviano, Evo Morales, denunció que la CIA infiltró a la empresa estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolivia para tratar de desestabilizar su gobierno.

http://www.jornada.unam.mx/2009/02/23/index.php?section=mundo&article=025n2mun

Bolívia/Vitória no referendo não garante vida fácil para Evo e seu povo

O povo aprovou amplamente a nova Constituição. A festa começou com o anúncio dos resultados, seis da tarde, e foi madrugada afora. Começa uma fase de novas dificuldades, pois a direita derrotada, entricheirada na meia-lua, com apoio ianque, já se mostrou capaz até de matar para garantir seus interesses.


Marcelo Salles*

23 fevereiro 2009/Pátria Latina http://www.patrialatina.com.br

Em La Paz, a concentração se deu na Praça Murillo, tomada por milhares de pessoas – não digo “bolivianos” porque havia gente do mundo inteiro, a pressentir a importância planetária das transformações vividas pela América Latina, região que oferece maior resistência ao capitalismo liberal. Também comemoravam a vitória do SIM argentinos, chilenos, colombianos, brasileiros e outros. Emma Palmieri, por exemplo. Estudante de Buenos Aires, loira, pele clara e sorriso aberto, dançava com os índios ao ritmo de flautas e percussão de um conjunto e não parava de sacudir uma bandeira whipala – símbolo andino de paz, resistência, liberdade e justiça.
Havia motivos de sobra pra comemorar. Pela primeira vez em 183 anos o povo boliviano foi consultado sobre sua própria Constituição. Mais: nesses quase 200 anos foram convocados apenas cinco referendos, dois deles na atual gestão Evo Morales Ayma, que recém completou três anos neste início de 2009.
No referendo de 25 de janeiro, os bolivianos responderam a duas perguntas: se aprovam ou não o novo texto constitucional; se o tamanho máximo do latifúndio deve ser 5 mil ou 10 mil hectares. Apesar da divulgação do resultado oficial estar prevista para 10 de fevereiro, na Bolívia a tradição é confiar nas pesquisas de boca-de-urna, feitas por empresas privadas e estatais, que apontaram: o SIM obteve entre 59 e 63% dos votos. O povo boliviano derrubou democraticamente a Constituição em vigor, elaborada há mais de 40 anos, no governo do ditador René Barrientos. Na outra pergunta, 77% dos votantes optaram por 5 mil hectares como tamanho máximo para o latifúndio – num país onde 7% dos proprietários controlam 80% das terras.

MAIS ESTADO NA ECONOMIA

Na manhã do dia 25 circulei por três sessões eleitorais, num colégio de San Pedro (La Paz), bairro que lembra a favela da Maré, no Rio. Faz sol, 18 graus, clima agradável sem o escandaloso frio paceño. Duas mil pessoas teriam votado por aqui até meio-dia, segundo os policiais. Observo o ir e vir dos eleitores. Muitos levam os filhos, que se divertem com carrinhos e bolas nas quadras enquanto os pais esperam em filas. O ritual: os mesários abrem a cédula na frente de todos – para mostrar que não está rasurada ou previamente marcada; o cidadão entra numa casinha, marca suas opções e deposita o voto na urna. Na mais santa paz.
Francisca Gutierrez, vendedora aymara de 54 anos que mal fala espanhol, votou SIM “porque o novo texto favorece as classes média e baixa, enquanto a atual Constituição favorece as classes altas”. Irma Orozco, funcionária pública, votou NÃO “porque nós que temos um pouco mais de cultura e lemos o texto achamos que ficou faltando definição, há muitas controvérsias”.
A aprovação é considerada um marco por analistas nacionais e internacionais. Para o sociólogo Eduardo Paz Rada, professor da Universidade Mayor de San Andrés, “vivemos um momento transcendental, tão importante quanto 1825 [Independência] e 1952 [primeiras nacionalizações]. Esta Constituição nos abre uma perspectiva de um novo país”. Eduardo não exagera. Só para se ter idéia, a partir de agora os membros do Poder Judiciário serão eleitos pelo voto direto do povo, assim como os deputados estaduais (inexistentes pela Constituição anterior). A nova Carta garante direitos dos povos originários – excluídos ao longo dos séculos –, promove a folha de coca a patrimônio cultural, incentiva a propriedade coletiva, cooperativas, e afirma que os recursos naturais renováveis e não-renováveis são de caráter estratégico e pertencem ao povo boliviano – não podem ser cedidos a particulares, salvo extensões limitadas de terras para fins agrícolas. Os meios de comunicação ficam proibidos de formar monopólios ou oligopólios, as propriedades rurais terão de cumprir função econômica e social; a religião católica deixa de ser oficial e o Estado, laico, passa a reconhecer “a liberdade de religião e de crenças espirituais, de acordo com as suas [diferentes] cosmovisões”.
A Constituição recém-aprovada prevê maior participação do Estado na vida econômica e social do país. O artigo 306 garante quatro formas de organização econômica: comunitária, estatal, privada e social-cooperativa. O Estado dirigirá a economia e deverá regular os processos de produção, distribuição e comercialização de bens e serviços, com atenção especial para petróleo, gás e minérios, recursos hídricos e agrícolas.

UMA CENA PATÉTICA

Evo Morales se dirigiu à multidão na Praça Murillo, da sacada do Palácio, e reafirmou o que vinha dizendo, que esta Constituição tem caráter anticolonialista, antiimperialista e antineoliberal. E mais:
“Os serviços básicos como água, luz, comunicação etcétera são direitos humanos e por isso devem ser propriedade do povo boliviano, e não objeto de negócios privados. Hoje refundamos a Bolívia!”
Recebeu efusivo e interminável coro, já famoso: “Evo, amigo! O povo está contigo!”
E a oposição de direita começa a se pronunciar. Alguns dirigentes conclamavam o povo a não aceitar os resultados, outros afirmavam que o governo deveria chegar a um acordo se quisesse implementar a Constituição – essa mesma que acabava de ser aprovada pela maioria do povo. A governadora de Chuquisaca, Savina Cuellar, disse publicamente que o novo texto não deveria ser acatado porque eleitores teriam sido forçados a votar em Sucre, enquanto seu colega de Tarija, Mario Cossio, disse que o governo deveria negociar. O líder do Comitê Cívico de Santa Cruz, o latifundiário Branko Marinkovic, completou: “Ninguém poderá governar com a nova Constituição.”
O clima de golpe vinha de novo sendo preparado desde cedo. Às duas da tarde, emissoras privadas de televisão divulgaram insistentemente suposto problema com as tintas usadas para marcar o dedo do eleitor – evitando que vote mais de uma vez. Trata-se de um mecanismo de controle auxiliar, já que para votar o cidadão precisa assinar ao lado de seu nome e recolher seu comprovante, exatamente como no Brasil. Segundo aquelas emissoras, a tinta estava sendo facilmente apagada com água e sabão. A Unitel mandou seus repórteres lambuzar os dedos e lavá-los em frente das câmeras. A cena patética ficou no ar por uma hora, mas a estratégia demorou um minuto para ser desqualificada pelos observadores internacionais:
“Como cada cidadão ou cidadã está inscrito numa única Mesa Eleitoral e ao votar assina o documento da Corte Nacional Eleitoral, entendo que não é necessária a marca de tinta em seus dedos”, declarou o chefe da delegação do Mercosul, deputado federal brasileiro Doutor Rosinha.

A LUTA SERÁ DURA

As demais organizações internacionais presentes descartaram toda possibilidade de fraude e reafirmaram a lisura do ato:
“A missão considera que o processo se realizou de maneira exitosa e que a vontade dos cidadãos bolivianos, livremente expressada nas urnas, foi respeitada. A jornada eleitoral transcorreu pacificamente e sem contratempos”, concluiu o Consejo de Expertos Electorales de Latinoamerica. Pelas oito da noite, o presidente da Corte Nacional Eleitoral, José Luis Exeni, afirmou que não se registrou nenhum incidente grave e que o processo transcorreu democraticamente, secundado por representantes da Unasul, da União Européia, da Organização dos Estados Americanos e demais organizações – havia 311 observadores nos nove Departamentos (Estados).
Durante entrevista coletiva com Raúl Lagos, chefe da missão da OEA, ocorreu um episódio peculiar. Ele falava com uma jornalista e um sujeito se meteu entre as câmeras dizendo que tinha uma denúncia. Lagos pediu-lhe que a formalizasse e explicou à jornalista que não tomavam como denúncia “qualquer coisa que é publicada”. O tal cidadão foi para a rua, onde encontrou o que queria: câmeras e microfones. E se fez de vítima: “Não fui ouvido pela OEA.” Perguntei a ele: “O senhor pretende formalizar esta denúncia?” Ele fingiu que não entendeu, mas um radialista local insistiu na pergunta, então ele mudou de assunto.
É possível que a gritaria da direita tenha como objetivo desviar o foco da derrota ao mesmo tempo em que procura manter o governo sob suspeita, na defensiva, para negociar em melhores condições. Seus dirigentes aproveitam a vitória do NÃO nos quatro Estados orientais, a meia-lua (Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija), para insistir na estratégia de manter o país dividido – além de ressaltar que o governo perdeu entre 5% e 7% em relação ao referendo revogatório de 2008 (quando Evo venceu com 67,4%).
O fato é que existem duas forças centrais: de um lado, a direita entrincheirada no oriente e articulada com o imperialismo estadunidense, que já se mostrou capaz de tudo para fazer valer seus interesses – como o massacre de Pando, que ceifou a vida de 20 camponeses; do outro lado, o processo de mudança promovido pelo governo, que conta com imenso apoio do povo e dos movimentos sociais, hoje com força suficiente para cercar Santa Cruz, La Paz ou qualquer outro lugar. Todos os analistas concordam: 2009 será um ano difícil na Bolívia, possivelmente com novos conflitos e mortes.

SIM à esquerda
NÃO à direita


As campanhas eleitorais exerceram papel determinante. Os militantes do SIM investiram pesado na divulgação do novo texto constitucional, com panfletagens e com a venda de exemplares por preços simbólicos entre 1 e 2 reais, em farmácias, mercearias, bancas de jornal. Os meios de comunicação estatais e à esquerda promoveram debates.
Os partidários do NÃO apostaram em campanhas mentirosas, assinadas por entidades como Iglesias Re-Unidas, Basta Ya, Jovenes por Bolívia e Comisión Nacional de Defensa de Valores y Princípios Cristianos. Em propagandas de rádio e tevê, atores alarmavam a população afirmando que o governo iria poder tomar casas, carros e até tevês. Pelo lado moralista, diziam que o novo texto incentivaria o aborto, o casamento gay e a negação de Deus.
Dos quase 4 milhões de eleitores, segundo a Corte Nacional Eleitoral, compareceram 85%.

*Marcelo Salles é correspondente de Caros Amigos em La Paz e editor de Fazendo Media www.fazendomedia.com
salles@carosamigos.com.br

http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=31ca0ca71184bbdb3de7b20a51e88e90&cod=3386

Bolívia/Indígenas pedem que sabotadores de reforma agrária boliviana sejam julgados

22 fevereiro 2009/Prensa Latina

Fonte: Pátria Latina http://www.patrialatina.com.br

La Paz (Prensa Latina) A Confederação de Povos Indígenas do Oriente Boliviano (CIDOB) demanda enjuiciar a autoridades e cívicos empenhados em bloquear a reversão de terras improdutivas no departamento de Santa Cruz.
O diário Los Tiempos resume hoje declarações do líder dessa organização, Adolfo Chávez, quem fustigou ao opositor governador crucenho, Rubén Costa, por chamar à desobediência civil como método de enfrentar a reforma agrária.
Dessa maneira a autoridade demonstra claramente sua postura ao lado dos poderosos, em detrimento dos originários, lamentou.
Segundo o secretário geral da CIDOB, em algum momento cairá o peso da justiça sobre Costa e cívicos defensores do latifúndio.
Um grupo de pessoas não pode deter o processo, afirmou.
Por sua vez, o governo assegurou a continuidade de acionar acionar em Santa Cruz, onde proprietários de milhares de hectares mantêm a seres humanos em relações de servidão, além de descumprir a função econômica social de parcelas.
Seguiremos adiante e atuaremos com a força pública se latifundiários e autoridades locais vão à violência para frear-nos, advertiu o diretor do Instituto Nacional de Reforma Agrária, Juan Carlos Rojas.
No referendo resolutório e constituinte do passado 25 de janeiro 80 por cento dos bolivianos fixou em cinco mil hectares a quantidade máxima de terras em poder de um cidadão, resultado considerado pelo poder Executivo uma derrota do latifúndio.

http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=0e7e05fa1026b0c5459267608ae320b8&cod=3367

Argentina/PLAN CONDOR Y ROL DE LA IGLESIA CATÓLICA

Cristiano Morsolin *

20 febrero 2009/Adital Agencia de Información Fray Tito para América Latina
http://www.adital.com.br

A los 86 años murió el cardenal italiano Pío Laghi, quien fuera durante los años de la dictadura militar el titular de la nunciatura apostólica. Importante figura de la diplomacia católica, intervino en la mediación para evitar la guerra entre Argentina y Chile por el Canal de Beagle, en 1978, y también fue señalado como "cómplice" del silencio eclesiástico frente a las miles de denuncias de desaparición de personas cometidas por el terrorismo de Estado.
Ángela "Lita" Boitano, madre de dos desaparecidos italo-argentinos, no vaciló en afirmar que el fallecido cardenal Pió Laghi fue "más brutal que los militares" en su trato con ella y otros familiares cuando, en 1979, lo entrevistaron buscando verdad y justicia.
Boitano recordó a ANSA (edición del 11 de enero del 2009) que ella y otras cinco madres, todas con hijos desaparecidos en 1976, tras el golpe militar del 24 de marzo en Argentina, se entrevistaron tres años después con Laghi en Puebla, México, durante la Tercera Conferencia Episcopal Latinoamericana.
"Todas nosotras, igual que los demás familiares, católicos o no, habíamos denunciado el secuestro de nuestros hijos a la Nunciatura argentina, que estaba a cargo de Laghi. En vano le habíamos pedido audiencia en Buenos Aires, pero recién nos recibió en Puebla, en oportunidad de la visita de Juan Pablo II", recordó Boitano en diálogo con ANSA."Laghi nos escuchó y sólo respondió: 'tres años es mucho tiempo, y si están muy torturados los militares no los van a dejar en libertad'", dijo la madre."¡Un militar no hubiera sido tan brutal! Además no había duda alguna de que la jerarquía de la Iglesia tenía pleno conocimiento de lo que estaba sucediendo y de su complicidad con la dictadura" castrense (1976-83), opinó con dolor.
La figura de monseñor Pío Laghi ha sido cuestionada a raíz de su desempeño dentro de la Iglesia católica durante la última dictadura militar. "La Iglesia fue uno de los primeros lugares en saber sobre los desaparecidos", explicó el historiador Lucas Lanusse. "En el año 77, hubo muy pocos actores que se le animaron al proceso. Por eso, el rol del Episcopado ha sido muy criticado. Era una Iglesia a la que se veía aliada al poder", añadió.
"El régimen militar que secuestraba y mataba por izquierda, lo hacía en nombre de Cristo. Decía defender un orden occidental y cristiano. Y (la dictadura) necesitaba la legitimidad de la Iglesia, y si bien aparecían algunos documentos críticos, rápidamente quedaban diluidos por otros mucho más ambiguos e inclusive por cantidad de actos, fotos, misas, ceremonias de todo tipo donde el Episcopado aparecía mano a mano con (Jorge Rafael) Videla, (Emilio) Massera, (Orlando) Agosti. Y eso no sólo sucedió en los 70 sino también en los 80, donde ya se sabía muy bien lo que estaba pasando", señaló Lanusse. "Visto desde hoy, su actitud deja muchísimo que desear. De parte de la Iglesia institucional no hubo una reacción contra, por ejemplo, la desaparición de las monjas francesas, Alice Domon y Leónie Duquet o de los curas palotinos", dijo Lanusse a Clarín en su edición del 10 de enero del 2009.

REFLEXION DE ADOLFO PEREZ ESQUIVEL

El premio Nobel de la Paz 1980, Adolfo Pérez Esquivel, recordó que la Iglesia católica argentina nunca respondió a sus reclamos de ayuda para hallar a desaparecidos de la pasada dictadura y señaló que en un encuentro con Juan Pablo II, cuando fue a exponerle estas situaciones, el Papa le aconsejó que se ocupara de "los chicos de los países comunistas".
En Paris el 19 de marzo del 2008 se ha realizado el seminario "Terrorismo de Estado y rol de la Iglesia Católica "Orígenes, intereses y complicidades". Adolfo Pérez Esquivel, ha enviado una interesante ponencia sobre la complicidad de la Iglesia, que el Observatorio SELVAS difunde para profundizar el debate.
"Los interrogantes son muchos y debiéramos preguntarnos ¿Cuando comenzó todo lo vivido y sufrido por el pueblo argentino? Pregunta central para comprender las causas y no quedarnos en los efectos y el dolor de un pueblo. La tragedia no comenzó el 24 de marzo del 1976, los fundamentos y base de dominación impuestos a los pueblos del continente surgen desde varias décadas atrás, con la Doctrina de Seguridad Nacional y la aplicación del Plan Cóndor. Más de 80 mil militares latinoamericanos recibieron formación en la Escuela de las Américas en Panamá y las Academias militares de los EE.UU., donde se desarrolló dicha doctrina basándose en la experiencia de la guerra de Vietnam y la guerra de Argelia; en la aplicación de metodologías como las torturas, el secuestro y desaparición forzada de personas.
Quiero recordar que aquí, en el Senado de Francia en el año 1981 se realizó el 1er. Coloquio sobre la Desaparición forzada de personas.
Fue un avance significativo en determinar ese delito y elevar sus resultados a las Naciones Unidas. Es necesario hacer memoria, para que nos ilumine el presente y nos permita construir el futuro que depende de las huellas que deje el caminar de los pueblos. Tengamos presente que los militares nunca pueden dar un golpe de Estado solos, necesitan del apoyo y complicidades e intereses de sectores empresariales, políticos, religiosos, sindicales; de los medios de comunicación, como del apoyo externo dado por los EE.UU. y varios países europeos y de empresas multinacionales a las políticas impuestas por de organismos internacionales como el FMI , BM y el BID que otorgaban créditos a las dictaduras, a pesar de saber que violaban los derechos humanos aplicando el terrorismo de Estado. No podemos hacer una lectura lineal de lo sucedido y vivido en la Argentina y en todo el continente latinoamericano. Muy brevemente quisiera señalar algunos ejes que nos permita profundizar y comprender los caminos de dolor y sufrimiento; como de la resistencia en la esperanza en la lucha por la vida, la libertad y dignidad de los pueblos.
Es necesario recordar la dictadura del General Juan Carlos Onganía que impone en el país la Doctrina de Seguridad Nacional. La represión desatada en 1968 en la "Noche de los Bastones Largos", donde el ejercito y la policía invade y destruye los centros de investigación científica de la Universidad de Buenos Aires y de otras Casas de Altos Estudios en el país Para desmontar y destruir el pensamiento nacional y la oposición al proyecto de dominación impuesto.
Al golpe militar en Brasil en el año 1964, se van sumando en otros países como Chile en 1973 por el general Augusto Pinochet en el golpe de Estado contra el Presidente Salvador Allende y la intervención de los EE.UU.
Otros países en el continente van cayendo en manos de dictaduras que marca las décadas del 60 y70.
El regreso del general Perón en 1974 a la Argentina, después de su largo exilio y sucesivas dictaduras, marca una etapa y aumento de la violencia, como fue su llegada a Ezeiza y el conflicto se agudiza y desemboca en la Plaza de Mayo con la ruptura con el movimiento Montonero que vuelven a la clandestinidad.
Con la muerte de Perón aumenta la represión y violencia de grupos armados para-policiales y para-militares de las Tres A (AAA), liderada por el ministro del gobierno peronista de Isabel Perón, López Rega.
El deterioro del país se va acentuando hasta la caída y derrocamiento de Isabel Perón el 24 de Marzo de 1976.
La resistencia social surge frente a la grave situación que vive el continente. Algunos sectores lo hacen a través de la lucha armada; otros en la resistencia social no-violenta; que marcan y agudizan la situación de conflicto en el continente. La Revolución Cubana en 1959, es un punto de inflexión en el continente y alienta a grupos en su mística revolucionaria. Me han pedido en éste Coloquio hablar sobre el Terrorismo de Estado y el rol de la Iglesia Católica.- Orígenes, intereses y complicidades.

IGLESIA DE LA LIBERACIÓN

La década del ‘60 marca opciones en la vida de los pueblos y movimientos sociales, como en la Iglesia latinoamericana que agudiza sus contradicciones internas.
Dos grandes ejes son signos de esperanza y renovación de la Iglesia, como fue Vaticano II que, como bien lo señalaba Juan XXIII, es necesario abrir las puertas y ventanas de la Iglesia para sacudir el polvo de los siglos y que entre la Vida, para su renovación a la luz del Evangelio.
Inspirados en ese espíritu se realiza el Encuentro del CELAM en Medellín Colombia en 1968 y ahí sopla el espíritu la renovación que marca fuertemente a la Iglesia Latinoamericana. La opción preferencial por los pobres, La lucha contra la pobreza, la marginalidad, la iglesia no puede ser indiferente ante el sufrimiento de los pueblos, debe comprometerse y asumir su rol profético desde la fe y el compromiso junto al pueblo. Surge con fuerza la Teología de la Liberación, los Curas del Tercer Mundo. Muchas comunidades religiosas van a compartir la vida con los pobres en las villas miserias, en las favelas. Los cristianos asumen la rebeldía de compartir el pan y la libertad junto a sus pueblos.
Hacer vivo aquello que el Mártir de los Llanos riojanos. Monseñor Enrique Angelelli decía: "hay que poner un oído en el Pueblo y otro en el Evangelio, para saber para donde ir"
Así muchos dan su vida para dar vida, no puedo dejar de señalar a Monseñor Romero en el Salvador.
Quiero recordar aquí, que el 12 de Agosto de 1976 estábamos en el Ecuador, en Riobamba en la diócesis del Obispo Mons. Leonidas Proaño, en la Casa de la Santa Cruz en la montaña, junto a 17 obispos latinoamericanos y 4 norteamericanos cuando un batallón ecuatoriano invade la Casa de Retiro y nos llevan a todos presos a Quito y somos expulsados del país.
El Operativo Cóndor, la internacional del terror, se puso en marcha y no les importaba que en esa reunión estuvieran tantos obispos latinoamericano y de otros países. Entre ellos un obispo argentino Arzobispo de Santa Fe, Mons. Vicente Zaspe, compañero de prisión.
A esa reunión de Pastoral social, no pudo llegar Mons. Enrique Angelelli, asesinado el 4 de agosto en la Rioja.
Es necesario comprender la situación de sectores de la jerarquía de la iglesia católica en Argentina. No es posible hablar del episcopado como un solo pensamiento- Existen fuertes contradicciones y opciones, algunos obispos fueron cómplices de la dictadura militar, como algunos sacerdotes que apoyaron y traicionaron al pueblo y al Evangelio. Podríamos señalar a obispos como Plaza, Bonamin, Tortolo, el Cardenal Antonio Quarracino; sacerdotes cono Von Wernik, recientemente juzgado y condenado por crímenes de lesa humanidad.
Otros fueron la masa gris, sin criterio propio y manejables, como aquellos que dicen, "la Iglesia no se mete en política ". Pero deja hacer terminando siendo cómplices por omisión.
Luther King decía "que, lo que más le dolía, era el silencio de los buenos".
Recuerdo a mi encuentro con el Capitán de la Marina Adolfo Scilingo, cuando me dice que participó de dos vuelos de la muerte, donde arrojaron al mar 30 prisioneros vivos y al regreso a la base, los recibía el capellán militar y les daba misa, los bendecía y decía que lo que habían hecho era para salvar al país de las garras del comunismo internacional. Que lo hecho fue darles una muerte cristiana en bien de la Patria. Un cinismo macabro.
Soy un sobreviviente de los vuelos de la muerte, a que fui sometido el día 5 de mayo del año 1977, cuando me trasladaron al aeródromo de San Justo y me sacaron de la Superintendencia de Seguridad Federal donde me encontraba detenido y encadenado en un avión y volar durante más de dos horas sobre el Río de la Plata y el límite con el mar. Hasta que llega una orden al piloto para que el avión se dirija a la Base Aérea de Morón en el Palomar. La fuerte intervención y solidaridad internacional salvó mi vida. A pesar del tiempo transcurrido no puedo dejar de pensar en ese momento cuando los dictadores decidían sobre la vida o la muerte de los prisioneros.
Recuerdo los encuentros que tuve con el Nuncio Apostólico en Argentina, Monseñor Pío Laghi en la Nunciatura, las discusiones tensas y en particular una de ellas; cuando le reclamo que intervenga por los desaparecidos ante la Junta militar y el Vaticano. Dice- ¿ Qué quiere que haga?. Anoche estuvieron aquí, en éste mismo salón los comandantes militares, yo les digo y reclamo por las violaciones de los derechos humanos, por los desaparecidos. A todo dicen que si, pero después no lo hace.- ¡Qué quiere usted que yo haga?-No puedo hacer, lo que los obispos argentinos no quieren hacer.
La primera reunión con Juan Pablo II en el Vaticano en 1981, estuvo señalada por el maltrato y las dificultades para la reunión. Me acompañaron a ese encuentro el Padre Michel Grolleaud, de la Misión de Francia, Jim Forest de IFOR de los EE.UU. y Amanda, mi esposa. La reunión fue tensa y los cardenales que acompañaban al Papa hicieron todo lo posible para que el encuentro se limite a un saludo protocolar.
Rápidamente tuve que informar al Papa y entregarle un dossier con fotos de 84 niños secuestrados y desaparecidos en la Argentina. Diciéndole que esa información se la había enviado por tres canales distintos. El Papa me respondió: No,…no, yo no conozco nada de esto. Nunca llegó a mis manos.- ¿ Está bien…. esto queda conmigo!- Después me dice: ¿ Usted tiene que ocuparse también de los niños en los países comunistas!- Lo cual me sorprendió ese reclamo. Mi respuesta fue- Los niños del mundo no tienen fronteras ni ideología, debemos defenderlos en cualquier parte del mundo.
Este informe que le entrego es de 84 niños secuestrados y desaparecidos en la Argentina por la dictadura militar. Algunos de ellos han nacidos en cautiverio, siendo sus madres capturadas embarazadas. Ese dossier fue preparado por algunas abuelas, como Chicha Mariani que en 1982 fue la primera presidenta de Abuelas de Plaza de Mayo. Le digo al Papa. Los dictadores violan los derechos humanos y dicen ser los defensores de la Civilización Cristiana y Occidental. Eso es anti- evangélico. Le pido que actúe, es urgente su palabra para salvar vidas. Ahí terminó la entrevista.
A la semana el Papa por primera vez hace mención a los desaparecidos en la Argentina desde el balcón del Vaticano en la Plaza de San Pedro. Hubo complicidades, mala fe, instigación de sectores de la Iglesia Argentina que apoyaron la dictadura. Pero también hubo testimonios de vida. De luchas, esperanzas y acompañamiento de otros sectores de la Iglesia que dieron su vida para dar vida.
Es necesario rescatar los testimonios de una Iglesia profética y comprometida con el pueblo, como los sacerdotes Carlos Muria y Gabriel Longueville, misionero francés, asesinados en el Chamical, en la Diócesis de la Rioja.
Y el posterior asesinato de Mons. Enrique Angelelli, por la dictadura militar. Las religiosas francesas Alice Dumond y Leonil Duquet, secuestradas y desaparecidas de la Casa de Nazareth en Bs. As. El asesinato de 5 sacerdotes y seminaristas Palotinos. Es una larga lista de cristianos encarcelados, torturados y asesinados. Otros fueron exiliados. Laicos que sufrieron la persecución, esos hombres y mujeres comprometidos desde la fe con el pueblo. Obispos y sacerdotes que acompañaron y caminaron junto al pueblo. Debo señalar a compañeros de ruta, de luchas y esperanzas. Mons. Jaime de Nevares, Obispo del Neuquén, Mons. Jorge Novak, de Quilmes, Miguel Hesayne de Viedma, Río Negro, Mons. Alberto Devoto, de Goya, Corrientes.
La comunidad de los Pasionistas que desde la Casa de Nazareth fueron siempre un apoyo solidario inclaudicable. Como lo fue la Facultad Teológica Evangélica y el Rabino Marshall Meyer, de la Comunidad Beth.
Es un largo camino entre luces y sombras. Es necesario reflexionar y comprender para separar la paja del trigo.
Nada de lo ocurrido fue improvisado y la locura de unos pocos, son políticas de dominación aplicadas a nivel continental.
La ideología de la Guerra Fría se traslada y calienta en América Latina, responde a los intereses y poder hegemónico impuesta por los EE.UU. a través de la DSN, en la polarización entre Este y Oeste. Por un lado la llamada defensa de la Civilización Cristiana y Occidental y por otro lado, la URSS, el comunismo y todo aquello que se oponía al sistema dominante era considerado subversivo y terrorista. Los acuerdos de Yalta, después de la II Guerra Mundial, marcaron la vida de los pueblos bajo los intereses y políticas de dominación de las dos grandes potencias. Si tenemos que ver la DSN en la actualidad, tengo que decir que no desapareció, es como el camaleón, cambió de color pero no de forma. Continúa con la misma concepción ideológica, simplemente que después de la caída del Muro de Berlín y la desintegración de la Unión Soviética ha cambiado los nombres de las hipótesis de conflicto. Hoy todo opositor real o potencial es acusado de terrorista y narcotraficante. Se ha inventado las "guerras preventivas", para violar el derecho internacional y la soberanía de los pueblos.
Ya no pueden echarle la culpa al comunismo. El sistema para sostenerse necesita crear enemigos, reales o imaginarios. Sostener los mecanismos implantados de dominación y condicionamiento de los países; como fue las políticas de ajuste, capitalización y privatizaciones. La deuda externa que se ha transformado en la deuda eterna, que agobia la vida de los pueblos y los somete a la pobreza, la mortalidad infantil, a la destrucción de la capacidad productiva. Los gobiernos continúan pagando una deuda manchada con la sangre del pueblo. Hoy se está negociando pagar la deuda al Club de París, sin realizar una auditoria y poder determinar la deuda legítima de la ilegítima. Los gobiernos hacen abstracción y quieren separar la deuda externa, de la represión y violaciones de los DD.HH. y continúa con su política suicida que se reduce a: "más pagamos, más debemos y menos tenemos".¿ Hasta cuando seguir hipotecando el presente y el futuro del pueblo?
América Latina fue el escenario para imponer la dominación global, los hechos lo confirman hasta nuestros días. La política hegemónica continúa. Lo ocurrido recientemente de generar un conflicto regional entre países hermanos como Ecuador, Colombia y Venezuela, los intentos de desestabilización que sufre Bolivia, Los ejes de control continental marcados por el Plan Puebla-Panamá-. El Plan Colombia y la Triple Frontera, con tropas norteamericanas en Paraguay. Marcan claramente que la política de dominación no terminó con las dictaduras militares. La Iglesia Católica, como todas las religiones tienen que optar, entre ser sometidas y sojuzgada al poder de turno o que el mensaje sea liberador y protagonista en la construcción de nuevas esperanzas y realidades junto a los pueblos. Como cristiano comprometido desde la fe en la liberación, vivo la esperanza que es posible la conversión dentro de la misma iglesia. Tenemos que tener una mirada profunda, saber ver la semilla de vida que aquellos que viven y luchan por un mundo mejor", concluye Adolfo Pérez Esquivel.
FUENTE: http://www.serpajamericalatina.org/secretariados/adolfo/terrorismodeestado.doc

LOS LÍMITES DE LA DECENCIA Y LA COMPLICIDAD DE BERLUSCONI
Madres, abuelas y familiares de desaparecidos se manifestaron "ofendidas" por declaraciones del jefe del gobierno italiano, Silvio Berlusconi, reportadas por medios de prensa locales, según los cuales el premier bromeó sobre los vuelos de la muerte cometidos durante la dictadura militar argentina (1976-83).
Estela Carlotto, Angela "Lita" Boitano y Vera Jarach, todas ciudadanas italianas y madres de desaparecidos, manifestaron en diálogo con ANSA del 18 de febrero que se sentían "ofendidas" por los dichos de Berlusconi que, según el diario L'Unita' de Roma reproducidos hoy por Clarín de Buenos Aires, pronunció este fin de semana en el marco de una campaña electoral de Cerdeña. "Eran hermosos días... Los hacían descender de los aviones", habría dicho Berlusconi según esas fuentes, aludiendo a los vuelos con que los militares arrojaban vivas a las aguas del Río de La Plata a personas secuestradas en campos de tortura y exterminio, en particular la Escuela de Mecánica de la Armada (ESMA). "No podemos admitir que se bromee sobre los desaparecidos y los vuelos de la muerte, es decir, delitos de lesa humanidad cometidos por el terrorismo de Estado" destacó Vera Jarach, nacida en Italia y cuya hija Franca fue víctima de la dictadura cuando tenía 18 años.
El maestro Horacio Verbitsky comenta en Pagina 12 del 19 de febrero que "la nota del diario italiano L’Unità se publicó el sábado 14 de febrero: el jefe de gobierno Silvio Berlusconi bromeaba sobre los desaparecidos argentinos, arrojados al mar desde aviones navales. Aun para quienes estábamos acostumbrados a la prosa ligera del ex presidente Carlos Menem nos resultaba demasiado como para creerlo sin más. Sobre todo porque la nota de Marco Bucciantini encomillaba la frase sobre una invitación a bajar de los aviones pero no el sujeto al que Berlusconi se refería. ¿Pudo tratarse de una confusión del periodista, acaso el magnate de la televisión y el fútbol se refería a la deportación de extracomunitarios, que su gobierno practica y propone como política europea frente a la crisis global? Citado por la cancillería para comunicarle el disgusto del gobierno argentino, el embajador Stefano Ronca dijo que no estaba al tanto y que debía verificar los dichos del presidente del Consejo de Ministros. El video con la frase completa, pronunciada por Berlusconi durante la campaña electoral en Sardeña, donde el candidato de Forza Italia Ugo Cappellacci venció al gobernador democrático Renato Soru, no deja lugar a dudas. La trascripción en castellano, con la sintaxis del propio Berlusconi, es la siguiente: "Sin ironía, sin la capacidad de sacar algo bueno de todo lo malo, no se llega a ningún lado. De verdad, yo nunca he insultado a nadie. No sólo al señor Soru, a nadie. Sólo me burlo un poco, dentro de los límites de la decencia. He recibido muchos insultos, pueden verlo en los diarios. Parece que para la izquierda es un deporte nacional el tiro al blanco sobre el presidente del Consejo de Ministros. No hacen otra cosa. Cada uno se acuerda de lo que le duele. Los señores de la izquierda han dicho cualquier cosa de mí. Que soy como Hitler, que soy como Mussolini, que soy como aquel dictador argentino que mataba a sus opositores llevándolos en avión con una pelota, después abrían la portezuela, toma la pelota y dice: Hay un lindo día afuera, por qué no van a jugar un poco". Cuando Berlusconi dice esta frase siniestra, se escuchan risas de su audiencia y el histrión agrega: "Hace reír, pero es dramático". El video fue distribuido en Italia por la agencia virtual Qui News, cuyo director, Carmelo Sorbera, lo acompañó con pocas contundentes palabras sobre la vergüenza que le produce ser representado en el mundo "por el artífice de todo lo más vil que pueda imaginarse". Invocando "la responsabilidad moral de formar parte de la Nación Italiana, pido disculpas a todos los argentinos y a todas las personas involucradas en la tragedia de los desaparecidos y de los años oscuros de la dictadura". Quien aún tenga dudas sobre tamaña vileza puede ver y oír a Berlusconi, en
http://www.quinews.it/2009/02/18/berlusconiironizzasuivolidellamorte/
Gabriele Andreozzi - Fundación "Lelio Basso" de Roma ha lanzado un llamado: "las palabras de Berlusconi suenas como una ofensa a la memoria de las victimas de los vuelos de la muerte. Es necesario una acta forma de excusas por parte del Gobierno Italiano para todas las victimas de la dictadura, que podría concretizarse en la ratifica de Italia de la Convención Internacional de protección de las personas frente a las desapariciones forzadas" (adhesiones: berlusconichiedascusa@yahoo.it).
El Observatorio SELVAS ha acompañado directamente el último proceso a los desaparecidos de origen italiana en Roma (lea http://www.mclink.it/com/inform/art/07n05239.htm); ha escrito con el especialista Luigi Cancrini el artículo "DESAPARECIDOS, QUIEN NO QUIERE LA VERDAD" en el importante diario italiano UNITA’ del lunes 20 de febrero del 2006 (lea http://alainet.org/active/10575&lang=es); acaba de publicar la nota Foro Social Mundial y Plan Condor (http://www.alainet.org/active/28838&lang=es).

* Operador de redes internacionales para la defensa de los derechos de la infancia y adolescencia. Trabaja en Latinoamérica desde 2001. Co-fundador del Observatorio sobre Latinoamérica SELVAS

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=ES&cod=37422

Moçambique/Cahora Bassa e Mpanda Nkuwa poderão fornecer mais energia à África Austral

Maputo, Moçambique, 23 fevereiro 2009 - Moçambique poderá adicionar 6 mil megawatts aos recursos energéticos da África Austral até 2014 à medida que forem realizados os investimentos respectivos, afirmou sexta-feira em Maputo a primeira-ministra moçambicana.

Luísa Diogo disse à agência noticiosa Reuters que Moçambique dispõe do potencial para fornecer energia à região austral de África, onde projectos de investimento estão a ser abandonados devido às quebras no fornecimento de energia eléctrica.

Os projectos incluem a segunda fase da central hidroeléctrica de Cahora Bassa, que poderá produzir 2 mil megawatts, o aproveitamento hidroeléctrico de Mpanda Nkuwa que poderá produzir 1500 megawatts e a central de Moatize com uma produção prevista de 2500 megawatts.

"Nos próximos cinco a seis anos (...) se conseguirmos investir nestes projectos poderemos contribuir com 6 mil megawatts para a África Austral, através da Southern African Power Pool (SAPP)", disse a primeira-ministra.

Luísa Diogo disse ainda esperar que os investidores estrangeiros coloquem o seu dinheiro no potencial hidroeléctrico do país, que se estima em 14 mil megawatts, particularmente mas províncias de Manica e Tete e do Niassa.

A hidroeléctrica de Cahora Bassa fornece actualmente 60 por cento da energia que produz à eléctrica sul-africana Eskom, 35 por cento à Zesa do Zimbabwe e a Moçambique, que consome os restantes 5 por cento. (macauhub)

Angola/São Tomé e Príncipe espera produzir petróleo em parceria com a Sonangol

Luanda, Angola, 23 fevereiro 2009 - O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe disse sexta-feira em Luanda que espera que o país comece a "produzir petróleo" muito em breve e em parceria com a angolana Sonangol.

Rafael Branco falava no final de um encontro com o congénere angolano, António Paulo Kassoma, no âmbito de uma visita oficial de algumas horas a Angola a convite das autoridades de Luanda.

O primeiro-ministro são-tomense admitiu haver uma "ponderação adicional" dos investidores internacionais devido ao preço baixo do petróleo e à crise mundial, mas mostrou-se confiante no sucesso da exploração em São Tomé e Príncipe.

"Este ambiente internacional, com o preço do petróleo a 40 dólares, cria alguma ponderação adicional aos investidores internacionais, sobretudo no nosso caso, em que as principais reservas situam-se em águas profundas e ultra-profundas", disse.

Rafael Branco informou ainda que existem "discussões avançadas" com a petrolífera angolana, e admitiu que "brevemente" será "formalizada uma parceria" com esta empresa, "eventualmente aberta a outros actores".

"Mas no núcleo da parceria estará a Sonangol", sublinhou. (macauhub)

Angola/TAP, Euroatlantic e SAA disputam ligação à angolana Taag

Luanda, Angola, 23 fevereiro 2009 – A TAP segue na frente na corrida a uma parceria com a angolana Taag, mas a também portuguesa Euroatlantic e a sul-africana SAA disputam a ligação a uma das mais estratégicas e bem equipadas transportadoras aéreas africanas.

No final da semana passada, a agência noticiosa portuguesa Lusa referia, citando um comunicado da companhia aérea angolana, que a parceria com a TAP estava “próxima”, abrangendo as áreas de formação e manutenção, mas também os projectos de criação do Centro de Manutenção Aeronáutica de Angola, Centro de Formação Aeronáutica, Central de Carga Aérea e outros relativos a serviços auxiliares.

"No âmbito do fortalecimento das relações bilaterais entre as duas congéneres", adianta, uma delegação da TAP, liderada pelo presidente-executivo da companhia, Fernando Pinto, reuniu-se nos dias 17 e 18 deste mês, em Luanda, com a administração da Taag.

Fonte oficial da companhia aérea angolana adiantou que se tratou de um primeiro contacto ao mais alto nível, "informal e inicial", e que a eventual fusão entre as duas companhias aéreas não está a ser discutida.

A rota Lisboa-Luanda tem sido das que mais cresce para os portugueses, em linha com a intensificação das relações económicas e comerciais entre os dois países, e a TAP tem manifestado o interesse em aumentar o número de ligações para Angola, actualmente sete voos por semana.

As transportadoras aéreas estão a trabalhar juntas na resolução de dossiers vitais para o futuro de ambas, nomeadamente a retoma dos voos da Taag para a Europa e, segundo tem referido a imprensa portuguesa, está em cima da mesa juntarem-se numa parceria estratégica.

Segundo a newsletter Africa Monitor, inicialmente a TAP beneficiava de “nítida preferência”, por ser considerada pela autoridades angolanas como bem gerida e prestigiada, com uma dimensão média e capacidades importantes na manutenção, além de uma estratégia de crescimento focada no triângulo do Atlântico Sul.

Contudo, segundo noticiou recentemente a mesma publicação, foram abertas negociações com a SAA tendo em vista o plano de reorganização e reestruturação da companhia.

Não era admitida, referia, a figura de uma fusão entre as duas companhias, mas sim a colaboração no levantamento da interdição que impende sobre todas as companhias angolanas.

Ambas têm em comum a plataforma tecnológica Boeing - enquanto a TAP opera quase unicamente aparelhos Airbus e também terá sido prejudicada por comentários de Fernando Pinto e uma alegada falta de receptividade do ministro dos Transportes português, Mário Lino.

O processo de “refundação” da Taag é encabeçado por dois dos mais aptos especialistas angolanos no domínio da organização e funcionamento de companhias de transporte aéreo: Pimentel Araújo, presidente da Comissão de Gestão e Adriano Carvalho, presidente da Comissão de Refundação.

Inicialmente Luanda admitia três cenários para a concretização de uma parceria: uma “joint-venture” em que o parceiro assume a gestão da Taag, a alienação de parte do capital da transportadora angolana ao parceiro gestor e uma privatização alargada a investidores angolanos.

Em paralelo, o governo português prevê privatizar parte da TAP em 2009, abrindo a porta a uma eventual troca de participações no âmbito da parceria.

Também a portuguesa Euroatlantic, que chegou a ser parceira da Taag na privatização da STP Airways, confirmou através do seu presidente contactos “adiantados” com os dirigentes angolanos, de acordo com o site Brasilturis.

Paralelamente, a Taag está a apostar na sua expansão internacional, e em Março iniciará um terceiro voo semanal para a China. (macauhub)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Religião/HOJE NÃO TENHO MAIS ESSES SONHOS’ DIZ O CARDEAL

Dom Pedro Casaldáliga *

(Adital) Agência de Informação Frei Tito para a América Latina http://www.adital.com.br

O cardeal Carlo M. Martini, jesuíta, biblista, arcebispo que foi de Milan e colega meu de Parkinson, é um eclesiástico de diálogo, de acolhida, de renovação a fundo, tanto na Igreja como na Sociedade. Em seu livro de confidências e confissões Colóquios noturnos em Jerusalém, declara: "Antes eu tinha sonhos acerca da Igreja. Sonhava com uma Igreja que percorre seu caminho na pobreza e na humildade, que não depende dos poderes deste mundo; na qual se extirpasse de raiz a desconfiança; que desse espaço às pessoas que pensem com mais amplidão; que desse ânimo, especialmente, àqueles que se sentem pequenos ou pecadores. Sonhava com uma Igreja jovem. Hoje não tenho mais esses sonhos". Esta afirmação categórica de Martini não é, não pode ser, uma declaração de fracasso, de decepção eclesial, de renúncia à utopia. Martini continua sonhando nada menos que com o Reino, que é a utopia das utopias, um sonho do próprio Deus.
Ele e milhões de pessoas na Igreja sonhamos com a "outra Igreja possível", ao serviço do "outro Mundo possível". E o cardeal Martini é uma boa testemunha e um bom guia nesse caminho alternativo; o tem demonstrado.
Tanto na Igreja (na Igreja de Jesus que são várias Igrejas) como na Sociedade (que são vários povos, várias culturas, vários processos históricos) hoje mais do que nunca devemos radicalizar na procura da justiça e da paz, da dignidade humana e da igualdade na alteridade, do verdadeiro progresso dentro da ecologia profunda. E, como diz Bobbio, "é preciso instalar a liberdade no coração mesmo da igualdade"; hoje com uma visão e uma ação estritamente mundiais. É a outra globalização, a que reivindicam nossos pensadores, nossos militantes, nossos mártires, nossos famintos...
A grande crise econômica atual é uma crise global de Humanidade que não se resolverá com nenhum tipo de capitalismo, porque não é possível um capitalismo humano; o capitalismo continua a ser homicida, ecocida, suicida. Não há modo de servir simultaneamente ao deus dos bancos e ao Deus da Vida, conjugar a prepotência e a usura com a convivência fraterna. A questão axial é: Trata-se de salvar o Sistema ou se trata de salvar à Humanidade? A grandes crises, grandes oportunidades. No idioma chinês a palavra crise se desdobra em dois sentidos: crise como perigo, crise como oportunidade.
Na campanha eleitoral dos EUA se arvorou repetidamente «o sonho de Luther King», querendo atualizar esse sonho; e, por ocasião dos 50 anos da convocatória do Vaticano II, tem-se recordado, com saudade, o Pacto das Catacumbas da Igreja serva e pobre. No dia 16 de novembro de 1965, poucos dias antes da clausura do Concílio, 40 Padres Conciliares celebraram a Eucaristia nas catacumbas romanas de Domitila, e firmaram o Pacto das Catacumbas. Dom Hélder Câmara, cujo centenário de nascimento estamos celebrando neste ano, era um dos principais animadores do grupo profético. O Pacto em seus 13 pontos insiste na pobreza evangélica da Igreja, sem títulos honoríficos, sem privilégios e sem ostentações mundanas; insiste na colegialidade e na corresponsabilidade da Igreja como Povo de Deus e na abertura ao mundo e na acolhida fraterna.
Hoje, nós, na convulsa conjuntura atual, professamos a vigência de muitos sonhos, sociais, políticos, eclesiais, aos quais de jeito nenhum modo podemos renunciar. Seguimos rechaçando o capitalismo neoliberal, o neoimperialismo do dinheiro e das armas, uma economia de mercado e de consumismo que sepulta na pobreza e na fome a uma grande maioria da Humanidade. E seguiremos rechaçando toda discriminação por motivos de gênero, de cultura, de raça. Exigimos a transformação substancial dos organismos mundiais (a ONU, o FMI, o Banco Mundial, a OMC...). Comprometemo-nos a vivermos uma «ecologia profunda e integral», propiciando uma política agrária-agrícola alternativa à política depredadora do latifúndio, da monocultura, do agrotóxico. Participaremos nas transformações sociais, políticas e econômicas, para uma democracia de "alta intensidade".
Como Igreja queremos viver, à luz do Evangelho, a paixão obsessiva de Jesus, o Reino. Queremos ser Igreja da opção pelos pobres, comunidade ecumênica e macroecumênica também. O Deus em quem acreditamos, o Abbá de Jesus, não pode ser de jeito nenhum causa de fundamentalismos, de exclusões, de inclusões absorventes, de orgulho proselitista. Chega de fazermos do nosso Deus o único Deus verdadeiro. "Meu Deus, me deixa ver a Deus?". Com todo respeito pela opinião do Papa Bento XVI, o diálogo interreligioso não somente é possível, é necessário. Faremos da corresponsabilidade eclesial a expressão legítima de uma fé adulta. Exigiremos, corrigindo séculos de descriminação, a plena igualdade da mulher na vida e nos ministérios da Igreja. Estimularemos a liberdade e o serviço reconhecido de nossos teólogos e teólogas. A Igreja será uma rede de comunidades orantes, servidoras, proféticas, testemunhas da Boa Nova: uma Boa Nova de vida, de liberdade, de comunhão feliz. Uma Boa Nova de misericórdia, de acolhida, de perdão, de ternura, samaritana à beira de todos os caminhos da Humanidade. Seguiremos fazendo que se viva na prática eclesial a advertência de Jesus: "Não será assim entre vocês» (Mt 21,26). Seja a autoridade serviço. O Vaticano deixará de ser Estado e o Papa não será mais chefe de Estado. A Cúria terá de ser profundamente reformada e as Igrejas locais cultivarão a inculturação do Evangelho e a ministerialidade compartilhada. A Igreja se comprometerá, sem medo, sem evasões, com as grandes causas de justiça e da paz, dos direitos humanos e da igualdade reconhecida de todos os povos. Será profecia de anuncio, de denúncia, de consolação. A política vivida por todos os cristãos e cristãs será aquela «expressão mais alta do amor fraterno" (Pio XI).
Nós nos negamos a renunciar a estes sonhos mesmo quando possam parecer quimera. "Ainda cantamos, ainda sonhamos". Nós nos atemos à palavra de Jesus: "Fogo vim trazer à Terra; e que mais posso querer senão que arda" (Lc 12,49). Com humildade e coragem, no seguimento de Jesus, tentaremos viver estes sonhos no dia a dia de nossas vidas. Seguirá havendo crises e a Humanidade, com suas religiões e suas Igrejas, seguirá sendo santa e pecadora. Mas não faltarão as campanhas universais de solidariedade, os Foros Sociais, as Vias Campesinas, os movimentos populares, as conquistas dos Sem Terra, os pactos ecológicos, os caminhos alternativos da Nossa América, as Comunidades Eclesiais de Base, os processos de reconciliação entre o Shalom e o Salam, as vitórias indígenas e afro y, em todo o caso, mais uma vez e sempre, "eu me atenho ao dito: a Esperança".
Cada um e cada uma a quem possa chegar esta circular fraterna, em comunhão de fé religiosa ou de paixão humana, receba um abraço do tamanho destes sonhos. Os velhos ainda temos visões, diz a Bíblia (Jl 3,1). Li nestes dias esta definição: «A velhice é uma espécie de pós-guerra"; não precisamente de claudicação. O Parkinson é apenas um percalço do caminho e seguimos Reino adentro.

Pedro Casaldáliga

Circular 2009

* Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=37421

Brasil/Empresas de mineração negociam irregularmente bilhões em ouro da Serra Pelada

Dossiê denuncia que as mineradoras Phoenix Gems e Colossus Minerals estariam coordenando um golpe bilionário na região da Serra Pelada. Uma sucessão de ingerências, propinas e irregularidades que atingiriam os direitos de milhares de garimpeiros, além de lesar a União.

João Carvalho da Costa, enviado especial a Eldorado dos Carajás (PA)

18 fevereiro 2009/Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br

O Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada (Singasp) entregou ao jornal Brasil de Fato um dossiê-denúncia sobre a atual disputa pelo ouro de Serra Pelada. Segundo o documento, o que está em questão é uma série de irregularidades na parceria entre a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) e a empresa canadense Colossus Geologia e Participações Ltda, pelo direito de "pesquisa, desenvolvimento e a lavra do minério primário (subterrâneo) de ouro e todos os outros metais e minerais associados que vierem a ser encontrados na área abrangida pelo Alvará de Pesquisa nº 1485, Processo DNPM nº 850.425/1990".
Uma área de 100 hectares, que pode conter, de acordo com as primeiras sondagens, entre outros minérios, cerca de 600 toneladas de ouro (avaliadas hoje em aproximadamente R$ 42 bilhões), cujo direito à exploração estaria sendo irregularmente repassado, por cerca de R$ 16 milhões (mais prêmios, proporcionalmente restritos), para grupos internacionais explorarem, de início, cerca de 75 % e, conseqüentemente, especularem nos websites e bolsas do mundo.
Nosso jornal pôde averiguar que a empresa canadense, de fato, já está anunciando as perspectivas de exploração em seu site (www.colossusminerals.com ) Constatamos também que suas ações tiveram um grande salto após os anúncios da operação e a realização do IPO de suas ações antes mesmo de se consolidar totalmente o convênio (www.stockcharts.com).

"Eu sei muito mais..."

"Eu também ouvi falar que os garimpeiros de Serra Pelada estão insatisfeitos com a maneira pela qual o acordo com a Colossus Minerals foi a única proposta apresentada na assembléia, e que pelo menos 1, ou talvez 2 outras propostas foram escondidas debaixo da mesa para dar à Colossus Minerals a única possibilidade de voto, sem mencionar as ligações que a Colossus Minerals tem com a Vale (CVRD), que os garimpeiros ficariam muito revoltados ao saberem. (...) Pensem em tudo que será trazido à tona pelo que vocês estão prestes a fazer neste caso. Eu sei muito mais do que vocês podem imaginar".

Este é um trecho do e-mail que teria sido enviado, de acordo com o Singasp, no dia 31 de dezembro de 2008, por Brent E. Smith, executivo da mineradora estadunidense Phoenix Gems, a alguns executivos da canadense Colossus Minerals (em especial a Eric Roblin). Smith estaria reivindicando junto aos executivos da Colossus a sua parte na negociação das toneladas de ouro de Serra Pelada – segundo ele, obtidas de maneira irregular pelos canadenses da Colossus, via seus representantes no Brasil, junto à Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp). Smith teria alegado que os sócios da Phoenix Gems do Brasil LTDA, Verônica Campos Lima e Artaxerxes Campos Carvalho Lima, não poderiam ter consumado o contrato sem a sua participação.

Ou seja, Verônica e Artaxerxes teriam feito um contrato irregular com a Colossus em junho de 2007, à sua revelia. Contatado por Brasil de Fato, Brent E. Smith confirmou o envio do e-mail e a irregularidade do contrato. Questionado sobre as alegadas "ligações que a Colossus Minerals tem com a Vale (CVRD)", Brent disse: "olhe, eu realmente não pretendo entrar nesse tipo de discussão nesse momento, eu não quero criar muitos problemas em jornais e na mídia (…). Eu ouvi algumas coisas, eu não tenho certeza das conexões (…) algumas pessoas que são empregadas da Colossus foram anteriormente empregadas pela CVRD".

Consta do dossiê que o contrato entre as representantes no Brasil das empresas da América do Norte (EUA e Canadá) era imprescindível para que a canadense Colossus consumasse sua transação junto aos garimpeiros da Coomigasp, já que esta cooperativa tinha um convênio anterior com a Phoenix que conflitaria com a nova jogada. A Colossus teria firmado então um contrato paralelo com a Phoenix (dias antes de ser consumada sua parceria com a Coomigasp!), assegurando paralelamente o repasse de 15% do total dos negócios futuros advindos do convênio entre a mineradora canadense e a cooperativa brasileira. Em troca, a Phoenix Gems do Brasil teria passado uma procuração para a Colossus Geologia representá-la amplamente nos negócios afins com a Coomigasp.

" Verônica e Artaxerxes irão para a prisão e sem dinheiro nenhum desta operação. O contrato que vocês fizeram com a Phoenix Gems Brasil Ltda, bem como o acordo com a Coomigasp serão decretados nulos e sem efeito, trazendo a situação de volta para o mesmo cenário", escreveu Brent, que confirmou por telefone as responsabilidades de Verônica e Artaxerxes pela operação. O jornal ainda não conseguiu falar com os dois para ouvir suas versões sobre os fatos.

Burlando a Constituição brasileira

O Movimento dos Trabalhadores da Mineração (MTM) afirma que tais convênios com a Coomigasp não estariam relacionados apenas à posse do "Alvará de Pesquisa nº 1485", mas também a uma maneira de aparentemente contemplar a Constituição Federal Brasileira, a qual assegura, em seus Artigo 17, 21 e 174, "que as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra"; competindo à União "estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa"; além do que, "como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento"; bem como "favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros"; tendo finalmente tais cooperativas "prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando".

Numa das últimas mensagens de Brent, no final do ano passado, enviada para os executivos da Colossus Minerals (agora incluindo Ari Sussman, Chefe Executivo; e Vic Wall, seu presidente), depois de se dizer preocupado com "a maneira irregular como foi feita a negociação" e "sensibilizado" com relação ao "povo de Serra Pelada sofrendo por tanto tempo", Brent estabeleceu um preço para os executivos da Colossus: "(...)saibam que eu não vou aceitar nada inferior a USD 10.000.000,00 e 1% líquido dos royalties. Isso tudo para eu permitir que continue a ser válido o contrato, assim que eu for reintegrado à Phoenix Gems Brasil LTDA". (A tradução dos e-mails foi providenciada pelo próprio sindicato, e revisada pelo jornal – a íntegra em inglês pode ser conferida em nosso site).

Perguntado sobre a veracidade destas informações, Brent confirmou que teria pedido este valor e que os executivos da Colossus teriam sugerido que ele levasse adiante suas reivindicações entrando na justiça brasileira. Brent ainda disse ao jornal que, agora, pretende reivindicar 30% dos royalties da negociação e repassá-los integralmente para a cooperativa dos garimpeiros.

A reportagem tentou localizar os executivos Eric Roblin, Ari Sussman e Vic Wall, mas estes não se encontravam nos seus contatos disponíveis na internet. As mensagens de Brent para a Colossus, no entanto, trariam à tona muito mais coisas do que ele próprio também poderia imaginar... (Leia mais na edição 312 do Brasil de Fato)

http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/empresas-internacionais-de-mineracao-negociam-irregularmente-bilhoes-em-ouro-de-serra-pelada

Equador/Parlamento debate lei de soberania alimentar

A proposta, cuja primeira análise foi feita há sete dias, estabelece que o Estado deve garantir às pessoas, às comunidades e seus povos a auto-suficiência de alimentos sãos, nutritivos e culturalmente apropriados de forma permanente.


17 fevereiro 2009/Prensa Latina

A Comissão Legislativa equatoriana realiza nesta segunda-feira (16) o segundo e último debate da proposta de lei de Soberania Alimentar, que busca incentivar a produção nacional e garantir uma nutrição adequada.
A proposta, cuja primeira análise foi feita há sete dias, estabelece que o estado deve garantir às pessoas, às comunidades e seus povos a auto-suficiência de alimentos sãos, nutritivos e culturalmente apropriados de forma permanente.
O presidente do Legislativo, Fernando Cordero, destacou há dias a importância dessa iniciativa, a qual propiciará a aprovação de outras leis relativas.
"É indispensável entender a transcendência e o grande interesse nacional que reflete o sozinho enunciado deste título, por enquanto se fala de soberania", destacou.
"Com isto não só buscamos a independência alimentar, senão também recuperar a tradição agrícola nacional e voltar a ser um país que não exporte pessoas", agregou.
Ao ressaltar a importância dessa legislação, Cordero afirmou que a subcomissão de Organização Territorial e Governos Autônomos trabalha no ordenamento territorial, o qual deverá conduzir a um Plano Nacional para identificar os solos e zonas de grande produtividade, que favoreçam uma ampla produção de alimentos.
A proposta de Soberania Alimentar cria o marco normativo que articula o setor agropecuário, florestal, aquícola e pesqueiro, indicou.
Além de Cordero, outros parlamentares qualificaram de importante que o Estado priorize o apoio à produção nacional e defina os espaços democráticos para promover os produtos.
"Faz falta uma verdadeira política de apoio ao camponês que lavra a terra, disponibilidade de acesso a alimentos de primeira qualidade para os consumidores e fortalecimento dos mercados locais, nacionais e regionais", destacou o deputado Jorge Escala.
"Segurança alimentar implica garantias de previdência, abastecimento de alimentos sãos e nutritivos, não tóxicos, de boa qualidade para uma vida sã e ativa", enfatizou.
"Essa lei deve incorporar o acesso à água para uso humano e de irrigação, bem como delimitar a função social e ambiental", assegurou.
O chefe da Subcomissão de Saúde e Ambiente, Jaime Abril, disse que na socialização dessa proposta participaram representantes de grupos civis e de várias organizações e sindicatos de camponeses e ambientalistas.
"Este projeto busca viabilizar princípios constitucionais, como por exemplo o acesso seguro e permanente ao alimento sadio", indicou.
"A Soberania Alimentar é um objetivo estratégico e o estado tem a obrigação de regulamentar o uso e acesso à terra", concluiu.

Brasil/ESCOLAS ITINERANTES DO MST: CRIME É FECHÁ-LAS

Em entrevista especial, Altair Morback e Isabela Braga, duas pessoas que vivem a realidade das escolas itinerantes, falam sobre o tema.

IHU On Line

19 fevereiro 2009/Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br

Há algum tempo, o procurador de Justiça do Ministério Pública Estadual Gilberto Thums tem trabalhado para criminalizar e tornar ilegal o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Apresentou, inclusive, um dossiê para conseguir atingir tal objetivo. Mas não foi muito feliz nessa “luta”. Agora, o mesmo procurador conseguir que o Ministério Público do Rio Grande do Sul determinasse o fechamento das escolas itinerantes que o MST criou há 13 anos e, desde então, propicia às crianças acampadas uma nova forma de aprender e ver o mundo. Thums diz que o MST quer, com isso, implantar uma sociedade socialista. A grande questão é: qual o mal em implantar uma sociedade que vise à coletividade?
Para debater essa questão, a IHU On-Line convidou duas pessoas que vivem a realidade das escolas itinerantes para concederem esta entrevista. Altair Morback é professor da escola itinerante Che Guevara, localizada no acampamento Jair Antonio da Costa em Nova Santa Rita/RS, e conversou conosco por telefone. Também por telefone, debatemos esse tema com Isabela Braga, que faz parte da Coordenação Estadual do Coletivo de Educação do MST.


ENTREVISTA COM ALTAIR MORBACK:

IHU On-Line – Como o senhor analisa o conteúdo que é ensinado nas escolas do MST?

Altair Morback – O conteúdo em si das escolas itinerantes ainda está um pouco distante da realidade que está de acordo com o nosso propósito. Nossa ideia é ir de acordo com a linha do nosso grande mestre Paulo Freire [1] e, assim, tratar mais da questão humana, respeitando o conhecimento e a faixa etária do indivíduo que passa pela escola. Não é o que temos, porque os nossos educadores e educadoras passaram e passam ainda hoje por esse processo de formação da escola tradicional. Desta forma, as escolas itinerantes não são exatamente do jeito que gostaríamos que fossem. Elas são bastante tradicionais no sentido que ensinam os mesmos conteúdos aprendidos numa escola da rede municipal, estadual ou particular convencional.

Quais as principais diferenças desse conteúdo em relação às escolas convencionais?

Não há muita diferença. Há uma igualdade bastante grande porque nossos educadores e educadoras são formados pelas universidades normais. Então, se ensina o ABC conforme as outras escolas ensinam. Nós redimensionamos essa metodologia pedagógica de fazer e ensinar, devido aos poucos recursos que temos. Às vezes, ao invés de ensinar o ABC numa lousa, ensinamos na areia, na terra, na horta, plantando pé de alface, por exemplo. Também redimensionamos os conteúdos para a realidade do acampamento. Este é um espaço precário, e o Estado não contribui para melhorar. Mas nossa escola pode ser considerada rica, tem muitos livros que vêm do MEC e da Escola Base de ótima qualidade.

O procurador de Justiça Gilberto Thums afirma que o problema das escolas itinerantes é o fato de o MST contratar professores que estejam de acordo com a ideologia do movimento. As escolas convencionais hoje têm muitos déficits, passam por cima de temas históricos extremamente importante sem sequer exigir uma reflexão, um debate sobre estes assuntos com os alunos. Que problemas um professor ideologicamente alinhado com os movimentos sociais pode gerar?

Nunca fomos contra. A Secretaria de Educação nunca nos chamou para dialogar sobre a educação dos educadores. Os professores das escolas itinerantes são garantidos pelo Instituto Preservar, que mantém convênio com a Secretaria de Educação. O Instituto Preservar contrata professores assentados e não assentados, acampados ou não acampados, mas que são formados para dar aula à rede regular de ensino. Não vejo problema algum em relação à questão dos professores ideologicamente alinhados com o movimento. Eu acredito que todas as escolas deveriam ter uma preocupação com a formação humana, ao invés de ficar preparando pessoas para o mercado de trabalho, que é o que a maioria delas faz. Claro que nós também fazemos isso, de certa forma. É como eu disse antes. Nossos educadores vêm dessa formação. Portanto, a escola itinerante não ensina de forma isolada. Temos todas as contradições que uma escola regular também tem. Obviamente, temos especificidades como a escola itinerante. A meu ver, existe uma riqueza muito grande. Os professores, por exemplo, podem conhecer melhor os acampamentos e, por consequência, a história de vida de cada indivíduo, de cada criança, de cada pessoa que passa pela escola. Na escola tradicional é difícil de isso acontecer. O fato de vivermos próximo das pessoas que vivem a escola propicia essa educação com mais qualidade, sendo possível trabalhar todas as dimensões da formação humana e não apenas os conteúdos formais. Isso não significa que não ensinamos esses conteúdos, mas sim que nossa forma de ensinar é bem diferente, para além dos conteúdos.

E como você analisa essa determinação do Ministério Público em relação ao fechamento das escolas itinerantes?

Acredito que essa determinação por parte do Ministério Público é uma questão política, de perseguição política por parte do Estado que pensa que fechando as escolas itinerantes irá desarticular e desestabilizar a classe trabalhadora que se movimenta e luta pela terra no Rio Grande do Sul. Quando fazíamos marcha e ocupação, nossas crianças sempre estavam junto e dávamos aula no mesmo jeito, porque essa forma de ver a escola tradicional não é o que fazemos e o espaço que se imagina quando se fala em escola não faz parte do nosso jeito de ensinar às crianças. Já demos aula no asfalto, no Incra, na Secretaria de Educação, na beira do rio, dentro de latifúndio, de estábulos.
As escolas itinerantes querem implantar uma sociedade socialista? Qual é o mal nisso?
Nós buscamos essa questão da formação humana para que os alunos, acima de tudo, se deem conta de que devem ser os construtores da sua própria história. Se isso é pensar numa nova sociedade, talvez a escola itinerante queira sim implantar uma sociedade socialista. Mas não é o que temos nas escolas em função da questão dessa formação que nós recebemos.

Que problemas vocês temem ocorrer com a inserção das crianças acampadas nas escolas convencionais?

Não sei se é temer, mas estamos fazendo o debate com as famílias de todos os acampamentos e são elas que vão dizer se a escola itinerante irá continuar ou não. Para nós, até o dia 28 existe o convênio com o Instituto Preservar e, portanto, nossas atividades continuam com as crianças. São infundadas as justificativas que o Ministério Público encontrou para dizer que temos que colocar nossas crianças em escolas regulares dos municípios. Primeiro: nem sempre existe transporte para isso. Segundo: no ano passado, durante a marcha que fizemos, tínhamos mais de 400 crianças marchando. Como é que vamos colocar todas essas crianças numa escola regular quando se chega num município como São Sepé, onde, numa escola do interior, a professora é também merendeira, diretora e secretaria da escola? Como uma escola desse porte irá receber 400 crianças? Essa justificativa do Ministério Público é infundada e evidencia que essa determinação faz parte da política do Estado, de perseguição política. Eles querem nos desarticular por aí, pois creem que automaticamente estão desarticulando a luta pela terra. Mas não vamos deixar isso acontecer.

Existe algum movimento por parte dos professores para que a escola itinerante não seja fechada?

Nós estamos organizando um abaixo-assinado e também nos articulando com amigos e apoiadores de cada acampamento e vamos fazer o que for preciso para que a escola itinerante continue. Não fazemos isso por salário ou por emprego, mas porque acreditamos que esse é um direito que essas crianças têm. É por isso que nós, educadores, estamos mobilizados para que a escola itinerante continue.

ENTREVISTA COM ISABELA BRAGA:

IHU On-Line – O que implica, para os movimentos sociais, especialmente para o MST, essa Determinação do Ministério Público que visa fechar as escolas itinerantes?

Isabel Braga - Para nós, essa determinação é um tanto complicada pelo fato de termos uma escola legal, que funciona há 13 anos, aprovada e regimentada pelo Conselho Estadual de Educação. Isso, para nós, se torna uma dificuldade enorme porque temos lá uma história construída com as crianças. Trabalhamos a partir da pedagogia de Paulo Freire, ou seja, partimos da realidade do nosso trabalho pedagógico e não de uma realidade que está estancada. Uma realidade que tem outros horizontes e quer aprender a ver o mundo. E, então, com essa determinação, teremos de tirar nossas crianças de dentro desse processo construído para colocar em escolas convencionais que têm uma outra realidade de trabalho.
E de que forma essa determinação influencia na formação dos novos militantes?
As nossas escolas não estão diretamente ligadas à formação de militantes, mas sim à formação das crianças para a vida como um todo. Na verdade, ela não sofreria tanta influência nesse sentido. Agora, nossa escola tem o intuito de trabalhar a partir de um olhar real e não de alienação. Isso sim implica na vida das crianças, porque queremos formar pessoas com um olhar crítico.

Por que, em sua opinião, o procurador de Justiça Gilberto Thums reserva tanto tempo de trabalho para combater as ações do MST?

O promotor tem a intenção de extinguir o movimento, ou seja, é um objetivo para além de acabar com as escolas. O Governo do Estado e a Secretaria Estadual de Educação estão agindo dessa forma como mais um passo do dossiê feito no ano passado, para, então, desarticular o MST. Ele só está continuando algo que já começou antes e deixou claro, com isso, sua real intenção em relação ao MST.

O que o MST pretende fazer contra essa medida?

Nós estamos construindo um diálogo com as famílias para retomarmos a importância da escola dentro do acampamento, que parte da realidade das crianças acampadas e que são filhas de sem-terras. Iremos lutar para que esse processo continue, pois ele não começou num estalar de dedos. Nesse momento, pretendemos construir esse diálogo com a comunidade acampada e retomar a importância dessa escola.

O ministro Guilherme Cassel, há alguns meses, afirmou que esse movimento que visa criminalizar a luta do MST restabelece um ambiente de ditadura. Vocês esperam alguma ação provinda do governo federal contra o fechamento das escolas itinerantes?

Nesse momento, esperamos tudo. O governo que está à frente do nosso estado pretende reprimir os movimento sociais. Sabemos que, dependendo da decisão que os pais e as mães tomarem para a vida dos seus filhos, poderá ocorrer repressões por parte do governo estadual. Acreditamos que o governo federal pode nos ajudar, portanto estamos dialogando com eles também e, assim, continuar com a legalidade da nossa escola. Há pessoas no governo federal que nos ajudarão a fazer com que o estado repense essa determinação do MP.

Falta, hoje, institucionalidade ao MST?

O MST nunca pensou numa institucionalidade, até porque somos um movimento social e não um partido. Temos objetivos, como a reforma agrária, e isso envolve uma educação diferenciada. Nosso ideal é de luta como um movimento social.

http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/entrevistas/escolas-itinerantes-do-mst-crime-e-fecha-las