quarta-feira, 16 de julho de 2008

Brasil/LULA FALA DURO PARA O G8

11 julho 2008/Editorial do Vermelho http://vermelho.org.br

Ao contrário do que pensa parcela importante da elite brasileira, entre ela grande parte do mandarinato tucano, com Fernando Henrique Cardoso à frente, o bom mocismo e a submissão temerosa ante as pressões do imperialismo liderado pelos EUA não fazem aumentar o respeito por uma nação nas relações internacionais.

Esta conclusão resulta do desempenho da diplomacia brasileira sob o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, que se fortalece como um dos principais líderes dos chamados países emergente, como ficou visível na reunião que o G5 - África do Sul, Brasil, China, Índia e México - realizou paralelamente ao encontro do G8 - Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia - encerrado dia 9, na ilha japonesa de Hokkaido. Alio estavam presentes os dirigentes das treze nações mais influentes no mundo de hoje.

Perante os governantes do G8, Lula insistiu na pauta que interessa aos países emergentes. Criticou duramente a criminalização, pelos EUA e pela Europa, da entrada de estrangeiros. Condenou os subsídios agrícolas dos países ricos. Acusou os países industrializados pela alta nos preços do petróleo e dos alimentos. Insistiu na necessidade dos países industrializados tomarem medidas concretas contra a emissão de gases do efeito estufa. Em sua intervenção naquele encontro, articulou todos estes temas em torno de um único argumento: a defesa do desenvolvimento.

O tratamento que o Brasil aos imigrantes alemães em 1850, aos italianos em 1875, e depois espanhóis, depois japoneses e, mais recentemente, muita gente da América do Sul é o tratamento que queremos para migrantes brasileiros e latino-americanos, disse o presidente do Brasil. ''Temos consciência de que é sempre um problema, mas nunca pode ser tratado como um problema de polícia'', mas como ''um problema social, um problema de desenvolvimento econômico'', enfatizou.

Contra aqueles que acusam os biocombustíveis pela escassez de alimentos, garantiu que ''o Brasil continua produzindo onde produzia, como produzia, aperfeiçoando''. Ele apontou a responsabilidade da especulação financeira pelos altos preços: quem teve perdas com o subprime americano agora usa ''o dinheiro dos fundos para especular com petróleo e com alimentos'', disse.

Em relação à imigração ilegal, Lula argumentou que ela resulta do subdesenvolvimento. Contra ela, defendeu perante os dirigentes dos países do G8 a abertura dos seus mercados e a redução dos subsídios agrícolas para apoiar o desenvolvimento dos países mais pobres e, em consequência, reduzir as imigrações. ''Se não houver o fim dos subsídios, a chance desses países pobres se desenvolverem é muito mais difícil, e a chance deles serem migrantes é muito mais fácil. A lógica é trabalhar para que esses países se desenvolvam'', disse.

É um verdadeiro braço de ferro travado entre os países ricos e emergentes, que já não aceitam pagar a conta pelos ajustes econômicos impostos pelos dominantes nas últimas décadas, jogando sobre os povos conta dos desequilíbrios e da crise das economias centrais. Esta relação está mudando e, em nossos dias, Europa e EUA deixaram de ser as locomotivas do mundo, substituídos pelos emergentes, particularmente pela China. É um quadro em que a diplomacia brasileira, posta a serviço do Brasil e também dos povos, ganha pontos e firma-se como importante interlocutor nos fóruns internacionais.

Uma nação só é respeitada no exterior quando defende, de peito aberto e com decisão, seus interesses, enfrenta os poderosos e faz todos os esforços para reunir outros governos que partilham de agenda semelhente e, buscando a união, reforçam-se mutuamente na defesa de sua soberania, sua independência e seu desenvolvimento. Esta é a lição que as relações internacionais vão deixando em nosso tempo.

http://vermelho.org.br/base.asp?texto=40239

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