terça-feira, 15 de julho de 2008

ASSIM SE QUEBRA O MITO DA INDEPENDÊNCIA DE TIMOR-LESTE

Por Peter Bonaventur

Fonte: timorlorosaenacao, 12 julho 2008

A denúncia foi feita e a comunicação social de todo o mundo repercutiu-a: Xanana Gusmão fez “negócio” de milhões com verbas do orçamento do Estado, beneficiando um seu sócio e figura grada do seu partido, Germano da Silva, do CNRT.
Incomodado, muito incomodado, veio o primeiro-ministro Xanana tentar explicar o inexplicável, dizendo que era para acautelar a fome dos timorenses, que era a bem do povo, que até o governo anterior fazia o mesmo…
Xanana Gusmão enterrou-se ainda mais nas suas explicações. Ninguém acreditou no que quis que funcionasse como uma explicação, uma justificação para a corrupção de que há tempos o seu governo e seus sócios no golpe de Estado de 2006 vêm sendo acusados.
Não satisfeito com certas afirmações de Xanana veio Mari Alkatiri, da Fretilin - o mais votado mas expurgado para a oposição – pôr os pontos nos iis.
Na qualidade de ex-primeiro-ministro explicou que as circunstâncias do país durante a vigência do seu governo eram bem diferentes e que mesmo assim imperava a transparência no que diz respeito aos fornecimentos de bens pagos pelo orçamento estatal.
Evidentemente que uma situação não tem comparação com a outra. O governo de Alkatiri herdou um país completamente destruído pela sanha dos amigos de Xanana, os generais do exército indonésio. Xanana praticou uma acção corruptiva, pura e dura.
Adicionada a esta denúncia e constatação de declarado favorecimento do primeiro-ministro a uma empresa de amigos e sócios já outras evidências vinham a contribuir para o desmascarar das acções corruptivas e de gastos desnecessários do governo chefiado por Xanana Gusmão.
Também em “negócios” de arroz a mulher de um ministro do governo AMP, Joe Gonçalves, está envolvida em situações não completamente esclarecidas e que têm a concordância do primeiro-ministro.
Também o Presidente do Nacional Parlamento, Fernando Araújo, do partido PD, da coligação AMP, tomou uma decisão extemporânea relacionada com o gasto de quase dois milhões de dólares em viaturas de luxo para todos os deputados, alegando que se destinavam ao trabalho em campo dos mesmos.
Mais de meia centena de viaturas estão incluídas num contrato com uma empresa japonesa apesar de essa verba não estar contemplada no Orçamento de Estado.
Por causa e efeito dos gastos não previstos, o governo fez, a meio do ano, a aprovação de um reforço adicional do orçamento, um reforço de mais do dobro do inicial, claramente para dar cobertura a estes “negócios” esconsos e envoltos em polémicas.
Os estudantes universitários timorenses, em Díli, iniciaram então um protesto em que contestam os avultados gastos dos políticos da AMP quando há mais de cem mil timorenses a viver em péssimas condições nos campos de deslocados. Mesmo fora deles existem milhares de timorenses com enormes dificuldades alimentares e outras necessidades básicas.
Aquilo que os estudantes pretendem é a suspensão do gasto de verbas desnecessárias para uso exclusivo das elites quando os timorenses são assolados pelo desabrigo, o desemprego, as doenças, a fome e a miséria.
Numa população de cerca de um milhão de timorenses cerca de setenta por cento são gritantemente carenciados.
Não aceitando a contestação dos estudantes, o governo musculado de Xanana Gusmão ordenou que a polícia especial invadisse o campus universitário e exercesse formas de agressão e repressão sobre os estudantes, agredindo-os e prendendo cerca de cinquenta, tendo sido a maioria libertada após comparência em Tribunal.
Recorde-se que foi este governo que usou e abusou da prorrogação de estado de sítio, em Fevereiro passado, quando do atentado a Ramos Horta, facto que também desagradou à maioria dos timorenses.
Nesse tempo registaram-se muitos abusos da autoridade em clara violação dos direitos humanos, o que deixou provado que este governo não hesitará em accionar até onde for preciso as medidas repressivas dos que se lhe opuserem.
É previsível que as contestações ao governo chefiado por Xanana Gusmão venham a ganhar maior dinâmica a partir de agora e mais ainda quando se tornar mais claro ainda, se possível, que aquilo que os constituintes deste governo têm em mira são os aumentos dos seus benefícios em vez de governarem para o país real.
É sintomático que os australianos comuns comentem agora que afinal a incompetência governativa e apetência de Xanana Gusmão para atitudes antidemocráticas seja um facto e que não será por este caminho que Timor-Leste virá a resultar no país pacífico e justo para os timorenses que a comunidade internacional e australiana, principalmente, julgavam ser possível.
Apesar das intoxicações de alguns media australianos e do mundo, as evidências superam os cenários cor-de-rosa, o que significa que já neste momento todos estamos cada vez mais esclarecidos sobre as verdadeiras intenções do grupo liderado por Xanana Gusmão, decidido a partilhar Timor-Leste com a Indonésia e sectores conservadores australianos em beneficio próprio e, obviamente, em prejuízo dos timorenses.
Assim se quebra o mito da independência de Timor-Leste em que a comunidade global investiu para benefício de um restrito número de indivíduos e grupos financeiros, a não ser que os timorenses reajam e não consintam mais abusos a Xanana Gusmão e ao seu grupo.

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