segunda-feira, 19 de maio de 2008

Brasil quer acordo com lusos para implantar nova ortografia

Brasília, 17 maio 2008 (Lusa) - O ministro brasileiro da Educação, Fernando Haddad, disse neste sábado à Lusa que o Brasil quer acertar com Portugal uma agenda para implantar as medidas propostas no acordo ortográfico, após a aprovação pelo Parlamento português na sexta-feira do segundo protocolo modificativo.

O governo brasileiro recebeu com muita satisfação a decisão da Assembléia da República de Portugal de aprovar o segundo protocolo modificativo, que abre caminho para a entrada em vigor do acordo ortográfico em Portugal.

"O acordo ortográfico simboliza o sentimento de unidade dos países de língua portuguesa e permitirá o aprofundamento da cooperação e integração internacional entre os países membros da CPLP", declarou Haddad à Lusa.

O ministro brasileiro disse que quer marcar duas reuniões com a sua homóloga portuguesa, Maria de Lurdes Rodrigues, uma em Lisboa e outra em Brasília, para acertar o cronograma de implantação das medidas estabelecidas no acordo ortográfico.

Nesse encontro, o ministro apresentará a Portugal a proposta elaborada pela Comissão para Definição da Política de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (COLIP), que prevê o início da reforma ortográfica da língua portuguesa no Brasil já a partir de janeiro de 2009.

Esta proposta prevê um prazo de transição de três anos para que a nova ortografia seja plenamente adotada no país.

O ministro informou ainda à Lusa que já ordenou à Secretaria de Educação Básica a produção de um manual com as medidas do acordo ortográfico e instruções para os professores, que será distribuído pela Rede Pública de Educação Básica em todo o Brasil.

A Academia Brasileira de Letras também recebeu com entusiasmo a decisão da Assembléia da República de Portugal, considerando a aprovação como um "marco histórico".

"Inscreve-se, finalmente, a língua portuguesa no rol daquelas que conseguiram beneficiar-se há mais tempo da unificação de seu sistema de grafar, numa demonstração de consciência da política do idioma e de maturidade na defesa, difusão e ilustração da língua da lusofonia", afirmou o presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni.

Na opinião do acadêmico Marcos Vilaça, que presidiu a ABL entre 2006 e 2007 e cuja gestão incentivou a aceleração do processo para a aprovação do acordo, Portugal acaba de dar "prova de grande maturidade e modernidade".

"A simplificação do emprego do idioma vai possibilitar o incremento das relações culturais na comunidade lusófona", destacou.

Nenhum comentário: