terça-feira, 22 de abril de 2008

Países africanos lusófonos crescem mais do que os seus pares, Guiné atrasa-se

Washington, Estados Unidos da América, 21 Abr - Os países africanos de língua oficial portuguesa deverão crescer em 2008 acima da média dos seus pares, com a Guiné, pelo contrário, a ficar para trás, de acordo com as "previsões de Primavera" do Fundo Monetário Internacional.
Angola continua a ser a economia mais pujante de entre os cinco países africanos lusófonos, mas a previsão de crescimento foi substancialmente revista em baixa, relativamente às previsões do final do ano passado: de 26,6 por cento para 19,4 por cento - ainda assim muito acima da média do grupo de países exportadores de petróleo (11,3 por cento).
Também a estimativa de 2007 foi ajustada em baixa nas previsões de Primavera, embora mais comedidamente - dos iniciais 23,4 por cento para 20,4 por cento.
O grupo dos países exportadores de petróleo continua a crescer significativamente acima dos outros, com Angola e Guiné Equatorial a liderarem, graças "ao início da produção de novos poços de petróleo", refere o FMI.
Moçambique continua a crescer acima da média dos seus pares - países de baixo rendimento - há quase uma década, e não deverá perder andamento em 2008 - o FMI prevê um crescimento de sete por cento, igual ao registado no ano passado.
Nos países de rendimento médio surge Cabo Verde, cuja economia deverá acelerar de 6,9 por cento para 7,7 por cento este ano, muito acima da média (4,0 por cento).Para São Tomé e Príncipe a previsão é de um crescimento de 6,0 por cento, em linha com 2007, melhor do que os 5,0 por cento que os países do seu grupo - países frágeis - apresentam em média.
No mesmo grupo, a Guiné-Bissau fica-se pelos 3,2 por cento de previsão de crescimento para este ano, ainda assim 0,7 pontos percentuais acima do registado no ano passado.
Quanto à inflação, o FMI prevê um abrandamento em todos os cinco países lusófonos, as mais significativas em Moçambique - 5,7 por cento, 2,2 pontos percentuais abaixo do registado no ano passado - e São Tomé e Prícipe - 14,1 por cento, uma descida de 5,8 pontos percentuais.
Para Cabo Verde, a previsão é de 3,3 por cento (1,1 pontos percentuais menos) e, contrariamente ao que pretendem as autoridades, os preços em Angola deverão novamente crescer na casa dos dois dígitos - 11,4 por cento (menos 0,8 pontos percentuais).
Moçambique é referido como exemplo no que diz respeito à estabilidade de preços na África Sub-saariana, com um "registo excelente que reflecte uma política monetária responsável apoiada em políticas fiscais prudentes".
Cabo Verde e Moçambique são dos países do continente em que o investimento representa actualmente uma maior parcela do PIB - 47,5 por cento e 32,5 por cento, respectivamente, mantendo uma contínua trajectória ascendente.
Já em Angola, este indicador deverá recuar de 12 por cento para 10,6 por cento, abaixo da média de 20,4 por cento registada no grupo dos países exportadores de petróleo.
Quanto ao balanço fiscal, Angola parece ter a situação mais favorável, com um excedente de 6,8 por cento, em relação ao PIB, não dependente de doações.
Mesmo com doações, Cabo Verde e Moçambique registam défices fiscais de 3,7 por cento e 6,4 por cento, respectivamente, e sem ajudas estes disparam para mais do dobro.
Neste campo, a situação mais difícil é a da Guiné-Bissau, com um défice fiscal superior a 20 por cento do PIB.
Se em Angola a balança comercial representa mais de 50 por cento do PIB, já nos outros países africanos lusófonos o défice nas trocas contribui negativamente, principalmente em Cabo Verde, menos 49,9 por cento, e São Tomé e Príncipe, menos 42,2 por cento.
Quanto à situação monetária, Angola também se destaca, com a sua moeda (kwanza) a registar uma apreciação de 106,9 por cento relativamente ao ano-base de 2000.
Neste campo, o país mais estável parece ser Cabo Verde, que tem a sua moeda (escudo) indexada ao euro. (macauhub)

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