segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Europa/África: Guebuza considera que as discussões foram francas e abertas

Foto: Presidente Armando Guebuza, de Moçambique

Maputo, 10 dezembro 2007 - A II Cimeira África-Europa, que ontem terminou em Lisboa, aprovou uma estratégia conjunta que deverá permitir a 53 nações africanas e a 27 países europeus uma era sem precedentes nas suas relações políticas, económicas e comerciais. Naquela que foi a maior reunião política de alto nível jamais realizada em Portugal e na Europa, a cimeira, que reuniu sábado e domingo, em Lisboa, 80 chefes de Estado e/ou de Governo europeus e africanos, adoptou uma Parceria Estratégica que regulará, a longo prazo, as relações entre os dois continentes. O Presidente da República, Armando Guebuza, considerou que as discussões na cimeira foram francas e abertas.
Os líderes da UE e de África aprovaram ainda o primeiro Plano de Acção, com projectos a executar, a curto prazo (2008-2010), entre os dois continentes, o qual prevê mecanismos de controlo de aplicação e de acompanhamento.
Na designada Declaração de Lisboa, os líderes dos dois continentes afirmam que a "estratégia conjunta" deverá assentar nos princípios "da unidade de África, da interdependência de África e da Europa, da responsabilidade conjunta, do respeito pelos direitos do homem, dos princípios democráticos e do Estado de direito, bem como do direito ao desenvolvimento".
A nova estratégia euro-africana de Lisboa identifica oito parcerias prioritárias a desenvolver até à cimeira seguinte, que ficou agendada para 2010, num país africano: "Paz e Segurança", "Governação Democrática e Direitos do Homem", "Comércio e Integração Regional", "Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento", "Energia", "Alterações Climáticas", "Migração, Mobilidade e Emprego" e "Ciência, Sociedade de Informação e Espaço".
Além da ambição conjunta de estabelecer uma nova parceria, "de igual para igual", entre os países da Europa e as suas antigas colónias de África, a Cimeira de Lisboa ficou também marcada por divergências entre os dois continentes, nomeadamente em torno das negociações em curso de novos acordos comerciais entre os dois blocos e da presença na reunião do presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe.
Entretanto, falando no final do encontro, o Presidente da República, Armando Guebuza, disse o mesmo foi bastante positivo, porque tanto os estadistas africanos como os europeus debateram de forma franca e aberta todas as questões que ainda constituem o pomo de discórdia para que a cooperação entre as duas partes seja, de facto, benéfica para ambos. Numa Conferência de Imprensa, Guebuza vincou que com esta cimeira, que vinha sendo adiada há sete anos, porque a Europa queria que nela não participasse o presidente zimbabweano, Robert Mugabe, ficou provado que com o diálogo pode-se chegar a muitos consensos sobre questões que à primeira vista podem parecer insolúveis. Destacou ser errada a visão dos que pensam que África é que precisa da Europa, deixando claro que tal como há centenas de anos os europeus se meteram em barcos e sulcaram oceanos em busca de outros mercados e outros bens que pudessem completar o que já tinham para garantir a sua sobrevivência, hoje, mais do que nunca, precisam tanto do que as nações africanas têm, como estes do que os europeus dispõem.
O PR expressou-se confiante que com este tipo de diálogo se irá acentuando ainda mais a compreensão da interdependência que existe tanto entre a Europa e África, como entre estes dois continentes com os outros. Guebuza deixou ontem Lisboa de regresso a Maputo, depois de se reunir com a comunidade moçambicana residente em Portugal. (Notícias)

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