segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Brasil/Manifestantes protestam pelo fim das obras no São Francisco

Integrantes de movimentos sociais ligados à Igreja Católica prestam solidariedade ao bispo de Barra (Foto: Jackson Romanelli/Especial para o EM)

Marcelo Portela/Estado de Minas/16 dezembro 2007
Uma manifestação contra as obras de transposição das águas do Rio São Francisco provocou a interrupção de linha férrea da Vale que corta o Bairro São Geraldo, Região Leste de Belo Horizonte. O trecho ficou interrompido das 7h30 às 10h30 desse sábado e só foi liberado depois que a Polícia Militar convenceu os manifestantes a se retirarem do local, para evitar maiores problemas. A informação dos moradores é que ao menos quatro composições deixaram de passar pelo local no horário.
O protesto começou com integrantes de várias comissões pastorais e outros movimentos sociais em apoio ao bispo de Barra (BA), dom Luís Flávio Cappio, que hoje completa 20 dias de greve de fome em protesto contra a transposição. Apesar de as obras do projeto terem sido paralisadas por uma liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, no início da semana, o religioso manteve a greve de fome, pedindo ao governo o arquivamento definitivo da proposta.
Essa também era uma das reivindicações dos manifestantes, até que moradores da região e alunos e professores da Escola Municipal Padre Francisco Carvalho Moreira, cujo muro fica rente à linha da Vale, aderiram ao movimento. Em dois pontos da linha férrea, próximos à passagem de nível na Rua Itaituba, manifestantes atearam fogo em pneus, impedindo a passagem dos trens. "Até policiais disseram que apóiam a causa defendida por dom Luís Cappio e a estrada de ferro causa muita insegurança ao pessoal do bairro. Conseguimos juntar todos", afirma frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
"Mas o principal objetivo da manifestação é o apoio a dom Cappio, pelo arquivamento do projeto de transposição. Dom Cappio é o porta-voz da sociedade civil e é uma covardia o governo usar a sede e a pobreza de comunidades do Nordeste para justificar o projeto", acrescentou o religioso.
A Advocacia-Geral da União (AGU) já informou que vai recorrer da decisão do desembargador Souza Prudente, que suspendeu as obras de transposição das águas. A manifestação desse sábado terminou no fim da manhã, depois de uma caminhada pelo Bairro São Geraldo. O Estado de Minas tentou falar com a Vale, mas nenhum representante da empresa foi encontrado para comentar o assunto.

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