segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Moçambique/Areias de Chibuto serão transformadas em ferro para exportação

Maputo, 22 outubro 2007 - Moçambique poderá constituir-se num exportador de ferro, a partir da transformação das areias pesadas de Chibuto, numa fundição a ser instalada na região de Beluluane, província do Maputo, a partir de finais do próximo ano. A instalação da fundição deverá abrir 1.500 a 2.000 postos de trabalho na fase de construção e 250 na de laboração, prevista para 2011. O projecto foi apresentado sexta-feira em Maputo, num acto que coincidiu com o lançamento do respectivo Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
De acordo com Víctor Damásio, responsável do projecto da Corridor Sands para a região de Maputo, o processamento de ilmenite, um subproduto das areias pesadas, em Beluluane, surge como uma boa oportunidade, atendendo ao conjunto de infra-estruturas já existentes na área.
“A BHP Billiton é accionista maioritário não só da Mozal, mas também da Corridor Sands, dona deste projecto. Se montarmos a fábrica adjacente à Mozal, poderemos obter sinergias com uma indústria que já está bem estabelecida na área e daí angariar os benefícios que eles já construíram nos últimos cinco anos”, disse-nos Víctor Damásio.
Basicamente, segundo soubemos, serão instalados em Beluluane dois fornos, e o produto da fundição será em forma de ferro fundido de elevada pureza, que será exportado em forma de lingotes. Serão produzidas 134.798 toneladas de ferro por ano. A escória será produzida em duas categorias, sendo 210.440 toneladas de escória de cloro por ano e 37.136 de escória de sulfato durante o mesmo período.
Na área de Beluluane, segundo a nossa fonte, vai-se proceder à fundição do concentrado de ilmenite que virá da mina de Chibuto e que se obtém depois da separação dos vários subprodutos das areias pesadas.
O concentrado será depois transportado para Beluluane, onde será submetido a um processo químico de redução, do que resultará o ferro e a escória de titânio.
Segundo dados avançados ontem para discussão, esperam-se neste processo potenciais emissões de gases com impactos negativos na qualidade do ar e no ambiente circunvizinho natural e humano, e de poeiras durante a construção e operação das instalações. Esperam-se, igualmente, potenciais impactos dos produtos de desperdício durante o processo de fundição, que poderão afectar a qualidade da água de superfície e subterrânea. Equacionam-se também potenciais riscos ambientais associados com o transporte de matérias-primas, entre outros.
Para a comunidade são enumeradas as oportunidades de emprego e receitas dos agregados familiares, aumento da população e pressão sobre as infra-estruturas. É neste quadro que, segundo Mia Couto, da Impacto, foi recomendado um estudo de impacto ambiental completo (categoria A) e o projecto só avançará depois de obter o certificado das autoridades dando aval para o efeito.
A Corridor Sands propõe que todas as emissões de chaminé sejam controladas e os gases libertados, tais como carbono, sejam limpos e, se possível, reciclados. Está igualmente previsto o tratamento das águas das enxurradas, para além dos restos do calcinador, que deverão ser devolvidos à mina original. (Notícias)

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