quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Argentina/De la Rúa vira réu por mortes ocorridas em 2001

Vermelho, 24 outubro 2007

O ex-presidente argentino Fernando de la Rúa, que governou o país de 1999 a 2001, tornou-se réu em uma causa que investiga cinco homicídios culposos e mais de cem lesões corporais nas cercanias da Praça de Maio, Buenos Aires, em 20 de dezembro de 2001, justamente o dia em que renunciou.
O juiz federal Claudio Bonadío considerou que o ex-presidente "não usou as ferramentas" que tinha à sua disposição para evitar a repressão policial aos protestos contra o governo naquele dia. Tal repressão acabou provocando as mortes. Além de se tornar réu, De la Rúa teve seus bens embargados em 20 milhões de pesos (US$ 6,3 milhões), para pagar eventuais indenizações aos familiares das vítimas.

Nas últimas semanas, De la Rúa declarou à justiça que era vítima de um complô e afirmou que o "estado de sitio" declarado naquele momento havia sido solicitado por vários governadores peronistas, na oposição.

O ex-mandatário expressou seu pesar "pelas conseqüências" de seu governo e explicou que a ordem para retirar os manifestantes da praça partiu da juíza María Servini de Cubría, que não havia consultado o então ministro do Interior Ramón Mestre. Na ocasião, pelo menos 30 pessoas morreram nos conflitos.

Outros ex-presidentes

De la Rúa não é o único ex-presidente a ser processado. O seu antecessor, Carlos Menem (1989-99), chegou a estar até em prisão domiciliar por suposto contrabando de armas, caso ainda não encerrado. Ele é réu em outros casos de corrupção e também tem parte dos bens embargada.

Os percalços enfrentados pelos ex-mandatários argentinos, porém, não são apenas judiciais. Fora da Casa Rosada, eles não mantêm resquícios do poder que um dia exerceram.

Menem, após ver frustrada sua tentativa de regressar à Presidência em 2003, conseguiu eleger-se senador. Neste ano, havia se lançado de novo à Presidência. Mudou seus planos ao fracassar nas urnas em sua própria Província (La Rioja): ficou em terceiro na disputa para o governo, atrás de dois candidatos kirchneristas.

Raúl Alfonsín (1983-89), primeiro presidente pós-redemocratização, mantém poder dentro das estruturas da UCR (União Cívica Radical), mas seu partido perdeu a importância que um dia teve na política argentina; em 2003, seu candidato não chegou a 3% dos votos para a Presidência. Agora, pela primeira vez, o partido não terá candidato próprio à Casa Rosada. Alfonsín também não conseguiu ter herdeiros políticos: seu filho Ricardo não deve chegar a 5% dos votos na disputa pelo governo de Buenos Aires.

Eduardo Duhalde (2002-03) não chegou à Presidência pelas urnas, mas foi o único a eleger seu sucessor, Néstor Kirchner. Viu, porém, seu poder político minguar rapidamente depois que deixou o governo, em 2003, por obra do próprio Kirchner. O atual presidente, em nome do controle do Partido Justicialista, atraiu para sua força política a maioria dos peronistas aliados de Duhalde.

Recentemente, o ex-presidente anunciou que pretende voltar à política partidária depois das eleições deste ano. Uma pesquisa feita pelo Ibarômetro, porém, apontou que 60% dos eleitores são contrários a esse regresso. (Da redação, com informações da Folha de S.Paulo)

http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=27221

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