sexta-feira, 20 de julho de 2007

Brasil/Violência contra índios no MS é levada à ONU

Campo Grande, 19 Julho 2007 - Documentos mostrando a situação de violência e genocídio contra os povos indígenas no Mato Grosso do Sul foram entregues em 18 de julho ao representante da ONU que esteve em Campo Grande. Na reunião, entidades ligadas aos direitos humanos no Mato Grosso do Sul solicitaram empenho dessa instância internacional junto ao governo brasileiro para que sejam garantidos os direitos dos povos indígenas, especialmente à terra. A necessidade de uma ação enérgica do governo brasileiro contra a impunidade também foi tema do encontro.

Os Direitos Humanos, e em especial a realidade dos migrantes e refugiados, tiveram uma atenção especial. A Ordem dos Advogados do Brasil, secção Mato Grosso do Sul, viabilizou um importante encontro entre os militantes dos Direitos Humanos e o representante do escritório da ONU no Brasil, Dr. Welington.

Em suas colocações iniciais, Welington fez menção às grandes tragédias hoje no mundo, que geram enormes sofrimentos e provocam o deslocamento forçado de milhões de pessoas. As duas maiores tragédias no mundo hoje são no Sudão, na África, e na Colômbia, América do Sul. Esta última está gerando o deslocamento de cerca de cinco milhões de pessoas, sendo o maior deslocamento forçado de pessoas hoje no planeta Terra. Na Amazônia brasileira estão refugiados aproximadamente dez mil colombianos, entre estes cerca de quatro mil indígenas. “Na Colômbia, está se dando um extermínio seletivo de negros e índios”, afirmou.

Com relação aos índios no Mato Grosso do Sul, os movimentos apresentaram a história de deslocamento forçado dessas populações, que foram expulsas de suas terras tradicionais e confinadas em algumas áreas. A maior parte da população indígena do estado foi vítima desse processo. E quando, hoje, buscam seus direitos e voltam às terras, são recebidos à bala, com inúmeras mortes nos últimos anos. Foi relatado que só neste ano já ocorreram 22 assassinatos nas terras indígenas do Mato Grosso do Sul. Trata-se de um extermínio silencioso. Foi também exposto, por membros do Centro de Defesa dos Direitos Humanos e do Conselho Indigenista Missionário, a situação de violência na fronteira com o Paraguai, região onde vive numerosa população Guarani. Como exemplo foi mencionado o caso da comunidade Kaiowá Guarani de Kurusu Ambá, que teve dois de seus membros assassinados, outros feridos e presos, em sua luta pela terra, neste ano.

Welington demonstrou não apenas sua sensibilidade pela questão indígena, mas ressaltou que esses povos estão ainda necessitando de instrumentos especiais na ONU para defesa efetiva de seus direitos. “Existe apenas a Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho, ratificada até hoje por apenas 23 paises. São grupos ainda muito desprotegidos. Os países não querem se comprometer com os direitos humanos dos povos indígenas. Mas eles são muito importantes na construção de cada país”.

Como militante dos Direitos Humanos, ele se comprometeu levar os documentos aos organismos que poderão tomar providências. Terminou dizendo que a questão indígena merece atenção especial e que tem muito interesse por essa causa.

Egon Heck - Cim MS – Campo Grande 19 de julho de 2007
Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

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