sexta-feira, 29 de junho de 2007

Cúpula dos Povos e Paraguai pedem novo tratado para Itaipu

Assunção, 28 Junho 2007 - Paralela à Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, começou nesta quarta-feira (27) a Cúpula dos Povos do Sul, organizada por movimentos sociais do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Venezuela. Uma das reivindicações é a renegociação do tratado que criou a Hidrelétrica de Itaipu.

Durante a construção da usina, o Brasil fez o investimento maior, o que ocasionou uma dívida do Paraguai. Como o país vizinho consome apenas 5% da energia a que tem direito e vende o restante para o Brasil, o déficit vem sendo reduzido. Mas ainda é de cerca de US$ 16 bilhões.

Para Carlos Rolón, do movimento Iniciativa Paraguaia para a Integração dos Povos, isso ocorre porque a energia é vendida para o Brasil a um valor inferior ao de mercado. E, pelo seu ponto de visa, a dívida já foi honrada em termos morais.

“Nossa proposta é que se volte a articular um tratado com condições de igualdade e oportunidades, para que o povo paraguaio possa ter livre direito sobre a energia de Itaipu”, afirmou. “A dívida já foi paga. Agora, nos deram mais de 40 anos de dívida. É uma maneira de sermos dependentes do Brasil”.

Em visita ao Paraguai no mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não pretende revisar os termos do acordo. O Tratado de Itaipu, instrumento legal para aproveitamento hidrelétrico do rio Paraná, foi assinado em 1973 pelos dois países. Hoje, a usina é responsável por 20% da energia consumida no Brasil e 95% no Paraguai.

Agenda diversa
De acordo com Carlos Rolón, os movimentos irão discutir também agricultura, migração, energia e assimetrias entre os povos da região. Já o Banco do Sul, idealizado pela Venezuela e visto com reservas pelo Brasil, não está na pauta. “Entre os movimentos sociais, temos outras prioridades, não precisamente criar um banco que possa servir para outros. Discutimos quais são as políticas possíveis que deveriam guiar as ações dos povos e governos”.

Nesta sexta-feira, a Cúpula dos Povos planeja realizar uma caminhada até o local do encontro dos presidentes do Mercosul, um hotel afastado do centro de Assunção. Os organizadores esperam a participação de duas mil pessoas.

Hoje, os ministros das Relações Exteriores e da Economia dos países do Mercosul reúnem-se para debater as medidas que deverão ser oficializadas durante a Cúpula dos Chefes de Estado.

Agência Brasil


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